A Inglaterra, conhecida por respeitar as tradições, haja vista a secular Família Real, demoliu o famoso Estádio de Wembley, palco da decisão da Copa do Mundo de 1966, única conquistada pelos ingleses. Uma punhalada no patrimônio histórico. No lugar construíram novo Wembley, "padrão Fifa". A tradicional Itália, que tem no milenar Coliseu exemplo de respeito aos valores do passado, pretende demolir o belo e quase secular Estádio San Siro. No lugar, será erguido um novo "Padrão Fifa". A Suécia, também conhecida pelo apego às tradições, demoliu o Estádio Råsunda, palco da final da Copa do Mundo de 1958, conquistada pelo Brasil. No lugar construíram blocos de apartamentos. Os portugueses derrubaram o antigo Estádio da Luz. Ergueram no lugar um outro Padrão Fifa. Meu conservadorismo não consegue aceitar essa modernidade que destrói patrimônios. Vítima maior dessa modernidade foi o Maracanã. Fizeram do "Maior do Mundo" um estádio como outro qualquer. O verdadeiro Maracanã da minha vida, de onde narrei jogos que tiveram mais de 150 mil pessoas, foi sepultado junto com as ruínas da Copa de 2014.
Mensagem
Não encontrei um artigo escrito pelo saudoso jornalista uruguaio, Eduardo Galeano, no qual ele imagina o Estádio Centenário, de Montevidéu, mandando mensagem ao Maracanã, na qual lamenta o que fizeram com no Rio de Janeiro e implora a Deus para que não façam com ele, Centenário, o que fizeram com o velho "Maraca".
Forno crematório
Narrei ao vivo pela TV Diário a demolição de parte do Castelão. Um absurdo. A modernidade descaracterizou o estádio. Eliminou as cabines de rádio. Inaceitável. Com a redução das entradas de ar, transformaram o estádio num forno crematório, onde queimam vivos os torcedores que lá comparecem.
Abandono
Se há os que derrubam estádios históricos, há também os que os abandonam. Caso do Estádio Olímpico, do Grêmio, em Porto Alegre. Belo estádio. De lá, narrei a decisão da Copa do Brasil de 1994. Hoje o estádio está em ruínas, abandonado. Agora, o palco da vez é a Arena Grêmio, "Padrão Fifa". Incrível abandono com o bem material, mas também com a história do futebol.
O Estádio Presidente Vargas, o PVzinho de açúcar, passou por várias reformas. Mas cuidaram de manter as características. Conservaram a entrada principal. A pracinha na frente do estádio também foi mantida, tal como era antes.