Brasil bom de bola
Começa hoje a mais importante competição do futebol nacional: a Série A. O Ceará, que voltou ao seleto grupo no ano passado, tem a missão de segurar presença na elite em 2012. Para tanto, terá de ficar entre os 16 classificados. Por enquanto, sonhar com o título da Série A ainda é utopia. É grande a diferença de estrutura física e financeira, sempre favorável aos principais clubes brasileiros. A divisão das cotas privilegia times do Sul/Sudeste, os mais aquinhoados. Daí suas melhores possibilidades de cortejarem o título. O Nordeste, nos últimos anos, tem experimentado terrível vaivém. Assim, América de Natal, Sport, Náutico, Santa Cruz, Vitória e Fortaleza, que já foram Série A, agora estão nas faixas menores. Ceará e Bahia são os únicos representantes da região na elite este ano. Caminho aberto. Quem tiver competência se estabelecerá.
Onipresença
Na Série A, poucos jogadores são tão eficientes quanto João Marcos, do Ceará. Desde o ano passado, ele há provado seu valor numa quase onipresença. Ele é visto em todos os lugares do campo. Discreto, aplicado, combativo. Em 2010, sua forte marcação chegou a irritar o atacante do Santos, Neimar. Muito da confiança alvinegra no certame deste ano está na desenvoltura de jogadores dedicados e ativos como João Marcos, hoje um verdadeiro símbolo da garra alvinegra.
Questionamento
Tenho feito observações, sempre contestadas, sobre a Série A nacional. Acho capenga uma competição nacional que deixa fora Acre, Amazonas, Pará, Amapá, Tocantins, Rondônia, Roraima, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Para ser nacional teria de contemplar todos os estados. Muitos cronistas não concordam com a minha observação. É muito natural que isso aconteça. Mas o correto seria a CBF lutar para reduzir as desigualdades que se acentuam na medida em que privilegia estados e times beneficiados com gordas dotações financeiras. Faz alguns anos, o Campeonato Brasileiro, Série A, mais parece um torneio regional.
Vitrine nacional
Eusébio, meia do Ceará, entrou muito bem diante do Flamengo. Ele, que aí aparece empenhado numa disputa de bola, substituiu com eficiência Thiago Humberto. Se deram chance, não tenho dúvida de que Eusébio aproveitará a vitrine nacional da Série A para voos mais elevados. Noto seu crescimento profissional: ganhou confiança e há mostrado personalidade.
A largada
Está correto o Ceará quando manda a campo um time misto para enfrentar o Vasco. Se houver tropeço na estreia, será possível retomar depois. É plenamente compreensível preservar o grupo para o jogo de quarta-feira contra o Coritiba, quando disputa uma vaga na final da Copa do Brasil. Além disso, o time opcional tem valores como Adilson, Murilo, Ernandes, Heleno, Eusébio e Júnior que poderão perfeitamente corresponder às expectativas.
Prioridade
O Vasco, a exemplo do Ceará, também utilizará time misto logo mais. Os vascaínos priorizam a Copa do Brasil e por isso preservam os atletas que decidirão a vaga com o Avaí em Santa Catarina. Estão certos. Nesse jogo aqui, a base carioca terá apoio em nomes que, não raro, estão no time principal como Alessandro, Fagner, Douglas, Marcio Careca, Eduardo Costa, Diego Rosa, Enrico, Jéfferson, Caíque e Elton. Um time forte, assim mesmo.
Recordando
Antes de o Campeonato Brasileiro ser criado em 1971, a principal competição nacional de clubes era a Taça Brasil, da qual o Fortaleza foi duas vezes vice (1960/1968). Na época, a Charanga do Gumercindo fazia a festa no PV. Na foto, integrantes com instrumentos musicais. Bem ao centro, de chapéu e bigode, Gumercindo Gondim recebe o abraço do sorridente Jaime. (Acervo de Elcias Ferreira).