Efeitos da derrota
O sinal de alerta há muito estava piscando em Porangabuçu. Nunca, porém, como agora, após a derrota para o Fortaleza. O insucesso diante do maior rival levou a torcida a uma reflexão mais forte. Rendimento fora do padrão Série A levantou questionamentos sobre a suposta superioridade do time. A derrota para o Guarani de Juazeiro, o fim da invencibilidade e a perda de três pontos no clássico mostram que há algo mais grave e errado no time de Dimas Filgueiras. O grupo é o mesmo, mas o futebol já não é tão convincente. O ritmo e a sequência mostram claramente que houve um recuo. E, de certo modo, isso gerou inquietações. Os efeitos da derrota para o Fortaleza só não foram piores porque o Ceará tem ampla margem para trabalhar. Mas não convém confiar muito. O sinal continua piscando em Porangabuçu.
Cidadão
Mais uma vez o ótimo goleiro do Fortaleza, Fabiano, esteve no Debate Bola. Além de notável profissional, é ser humano equilibrado, cônscio de seus deveres. Verdadeiro cidadão. Ele disse que, ao lado dos mais experientes, cuida de segurar os jovens quando os ânimos ficam exaltados num clássico. Caso de domingo passado, quando Leandro estava afobado e foi contido. Sobre a reforma do Castelão, ele afirmou que guardará inesquecíveis lembranças de títulos conquistados ali.
Confiança
No Fortaleza, uma semana livre para Flávio ajustar mais ainda a casa, máxime com a utilização dos novos contratados. Aliás, dos que estrearam apenas Itacaré não teve tempo para mostrar suas qualidades. O zagueiro Héverton esteve bem. E o mesmo se pode dizer de Henrique, que substituiu Roniery. Não é fácil estrear logo num clássico. O Fortaleza ganhou moral e confiança. Uma terceira derrota consecutiva para o Ceará geraria possivelmente insuperável complexo de inferioridade. A vitória afastou ranços. O próprio técnico Flávio Araújo, que vinha tendo seu trabalho questionado, fortaleceu a imagem de treinador competente, silenciando, pelo menos no momento, os recalcitrantes.
União arranhada?
Não faz muito, o Ceará era a imagem da coesão. Grupo fechado, movido pelo nobre ideal da participação coletiva (um por todos e todos por um). Mas, de certa época para cá, essa imagem parece ter sido arranhada por problemas que ainda não detectei na sua dimensão e profundidade. Hora de o presidente Evandro Leitão dar um pito na moçada.
Mensagem
Recado que o brasileiro Joaquim Cruz, ouro nos 800 metros na Olimpíada de Los Angels em 1984, dá na Veja desta semana. Ele afirma: "Para cada dólar investido na infância, o governo tem um retorno de 3,4 dólares com a redução da ida de meninos e meninas a centros de saúde, melhor qualidade de vida e progressos no rendimento escolar". Diz mais: "Será muito difícil para as novíssimas promessas subir ao pódio no jogos de 2016. É tarde demais".
Notas & notas
Anderson, que não teve melhores oportunidades no Ceará e Fortaleza, vem apresentando futebol de alta qualidade no Crato, a despeito da delicada situação dessa equipe. /// Oportuno o lançamento do terceiro uniforme do Vasco da Gama, alusivo à luta contra o racismo. O Vasco foi pioneiro no Brasil, pois em 1923 segurou os jogadores negros contra o preconceito da Liga Metropolitana que exigia o banimento dos jogadores pobres e humildes.
Recordando
Homenagem ao saudoso narrador Jaime Rodrigues, que morreu no dia 14 de março deste ano. Ele foi notável profissional que, nas décadas 50/60, brilhou nas rádios Iracema, Uirapuru, Ceará Rádio Clube e Dragão do Mar. Também brilhou no rádio carioca. Fui seu fã incondicional. Jaime tinha uma das mais belas vozes que já ouvi em transmissões de futebol. Integrou a geração de ouro.