Da lanterna à liderança
O placar minguado não refletiu o clássico bonito, aberto, com incontáveis chances perdidas de lado a lado. Tricolores fizeram belo espetáculo. Na fase inicial, se Reginaldo mandou bola na trave do Fortaleza, Pimenta obrigou Ari a praticar espetacular defesa. Gilmak violento, expulso. O Fortaleza, mesmo assim, controlou o jogo até sofrer o gol de Juranilson, após notável jogada de Rômulo. A rigor, o Fortaleza bombardeou. Nem parecia ter um jogador a menos. Guto, Rodrigo, Reginaldo e Felipe Klein tiveram as melhores chances, mas o goleiro Ari pegou todas. Aliás, até pênalti cobrado por Guto ele pegou. A vitória do Ferroviário foi justa. Poderia até ter ampliado: Fábio Lima em toque sutil quase fez o segundo, Piva igualmente errou por pouco e Arlindo Maracanã desperdiçou pênalti que o ótimo Fabiano pegou. A vida coral é fantástica porque plena de surpresas. Da lanterna do primeiro turno à liderança do segundo, uma reviravolta digna de todos os aplausos.
Observações do clássico
O goleiro Ari foi o maior nome do jogo. Além dos milagres, até conseguiu se redimir, pegando o pênalti que ele de forma boba cometera. /// Não entendi a violência de Gilmak numa bola no meio do campo. Que bobagem! /// Juranilson, baixinho, cabeceou livre no meio de dois zagueiros altos, marcando Ferrão, 1 a 0. Quem faz o gol da vitória num clássico sempre é festejado.
O treinador
O técnico Filinto Holanda pegou o Ferroviário no bagaço. Gradualmente, começou a ajustar as peças. Não digo que o Ferroviário está no ponto. Nada disso. Ainda falta muito. Mas as três vitórias consecutivas e a liderança do campeonato dão aos corais confiança para os próximos desafios. Achei o miolo da zaga meio confuso. Gostei do Maracanã, apesar de ter pedido o pênalti. Teles soube se projetar em bons lances de ataque. Glaydstone como nos velhos tempos. Piva e Marcelo podem produzir mais.
Recordando
14 de abril de 1959. Uma das boas formações do Calouros do Ar, no tempo em que brilhava na primeira divisão cearense. A partir da esquerda (em pé): Pedrinho, Jairo, Coité, Luciano, Jandir, Linha Fina e Zezinho Cara de gato. Na mesma ordem (sentados): Zezinho, Evilásio, Beto, Everton e Edilson. Na época havia um tabu: dificilmente o Ceará conseguia ganhar do Calouros. (Acervo de Jurandy Neves).
O treinador II
Confirmando a boa campanha do primeiro turno, Júlio Araújo segue com belo trabalho no Guarani de Juazeiro. E teve sorte até nas modificações que fez. A saída de Jerson deixou intrigada a torcida e parte da crônica. Mas coube exatamente ao jogador que entrou, Netinho, o golaço da vitória. O Guarani só errou quando, na reta final, aceitou o Ceará quase todo no seu campo. Aliás, tardia reação alvinegra. Recado ao Júlio: siga sem mudar a característica ofensiva do elenco.
Fim da invencibilidade
O Guarani/J fez com muita competência a parte que lhe cabia. Esquema organizado, bola redondinha. Jerson, o melhor. Não entendi sua substituição. Zé Augusto, ótimo. Netinho, o golaço. Niel foi fominha, quando quis ampliar tendo companheiro em melhor posição. O Ceará errou ao poupar jogadores importantes como Boiadeiro, Nícácio e Iarley. Esqueceu que no primeiro turno o Guarani também dominara a partida, cedendo só aos 42 do segundo tempo. O alvinegro de todo não foi mal. Sérgio Mota foi bem. Até teve chance de empatar. É hora de Dimas repensar.