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Longe da soberba

Não existe no futebol nada mais perigoso do que a soberba. No Ceará, a ordem é lutar contra o "já ganhou". Embora reconhecido como superior a todos, o grupo deixa essa qualificação à margem de Porangabuçu. Pode até passar pelas páginas dos jornais, mas os atletas estão fora das badalações. Há uma consciência coletiva. Tanto é verdade que predomina a união de todos. Quando Júnior experimentou jejum de gols, o esforço dos companheiros para quebrar o tabu foi através de passes seguidos. Resultado: Júnior marcou dois e já fez outro gol no Itapipoca. Da mesma forma, Marcelo Nicácio também viu a ajuda dos companheiros na vitória sobre o Itapipoca. Nicácio foi abundantemente servido. Marcou dois gols. Assim está o Ceará. Solidariedade, sim; soberba, não. Humildade, sim; arrogância, não. Um time muito consciente de seu papel.

A Marselhesa


Em 1994, eu narrara para a Verdinha a final que dera o tetra ao Brasil nos Estados Unidos. Em 1998, no Stade de France narrei a decisão da Copa que o Brasil perdeu (3 x 0). Foi triste. Tive de engolir os franceses em vista do que Zagalo falara. Agora outra vez deu França 1 a 0. Virou coisa comum. Em 2006, eu estava em Frankfurt, quando o Brasil foi eliminado pela França, 1 x 0 (show de Zidane). Meu Deus, não dá mais para ouvir a Marselhesa.

Persistência

A cada rodada, analiso alguns episódios isolados. Caso do promissor atacante Vinícius, do Fortaleza. O jovem tem talento. Mas nos primeiros jogos perdeu chances incríveis. Encabulou. O técnico Flávio Araújo resolveu preservá-lo. Teve medo de queimar o atleta. Fez bem. Aguardou o momento ideal. Diante do Quixadá Vinícius marcou o gol da vitória. Desencabulou. Seu gol foi fruto da persistência ante quatro adversários. Levou vantagem e marcou. Se tiver apoio, vencerá.

Recordando

Década de 1950. A Tuna Luso do Pará no PV, antes de um amistoso com o Gentilândia, que ainda usava camisas de listas verticais (branco e azul). Depois o Gentilândia adotou uniforme igual ao do Flamengo. A partir da esquerda, quatro jogadores do Gentilândia: Luís Eduardo, Pedrinho Simões, Pipiu (troca súmulas com o capitão do time visitante) e Fernando Sátiro. (Acervo de Jurandy Neves).

Paredão: a volta por cima

Adilson tem feito defesas espetaculares. No início do jogo em Itapipoca, pegou duas bolas que somente os goleiros de reflexo apurado conseguem defender. Uma pelo alto; outra à queima-roupa. A pergunta que ainda hoje não foi respondida: o motivo do afastamento dele em determinadas situações. Nem ele conta. Ainda bem deu a volta por cima.

Valeu a lição

No ano passado, o Ceará também era festejado como melhor que o Fortaleza na decisão do certame. Os próprios tricolores reconheciam isso. Mas quando a decisão começou, o técnico do Fortaleza, Zé Teodoro, deu um nó em PC Gusmão. Resultado: no primeiro jogo o Fortaleza ganhou (1 x 0). No segundo jogo, o Ceará ganhou (2 a 1). Nos pênaltis, o Fortaleza sagrou-se tetra. A lição valeu aos alvinegros que agora espantam qualquer sentimento de vitória antecipada, até porque, a única vantagem que o regulamento dá ao primeiro classificado é o mando de campo.