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Desmanchou

Cadê o Ceará de filosofia bem definida, que sabia de cor o que fazer com ou sem a bola? Desmancharam. Cadê a melhor defesa do Brasil que um dia vi dominar com consistência os adversários? Desmancharam. Cadê o alvinegro respeitado e ocupante dos primeiros lugares? Desmancharam. O Fluminense, que nada tinha a ver com isso, passou por cima. Conca e Deco desfilaram futebol e colocaram na roda o visitante. Mariano pegou a porteira aberta e fez (1 a 0). Pela porteira Washington passou duas vezes sorrindo (3 a 0). O Ceará desfigurado, aparvalhado, a tudo assistia. Na fase final, o Fluminense cuidou de administrar a vantagem e o fez com muita competência. E perdeu boas chances para ampliar. Ao Ceará coube tentar reduzir a diferença. Até jogou um pouco melhor. Mas não passou do gol de Geraldo (3 x 1) que amenizou um pouco a humilhação.

Segurar a vitória

O Icasa faz boa campanha na Série B. Mas precisa aprender a segurar a vitória fora de casa. Verdade que no empate com o Santo André foi prejudicado pela arbitragem, ficou sem Panda (expulso) desde os 35 minutos do primeiro tempo e não contou com Assisinho. Mas tomar gol na reta final do segundo tempo gera sempre uma frustração. Além disso, já experimentara situação semelhante em São Caetano, quando teve o jogo na mão e cedeu, permitindo a virada do time local.

Consequências

O Ceará, que sabia jogar fechado, virou avenida. O entrosamento perfeito de Fabrício e Anderson virou pânico pelo completo desentendimento nas posições invertidas. O Ceará, obrigado a mudar de modelo tático, não se adaptou à alteração. Resultado: não mais sabe fazer nem uma coisa nem outra. E só reage quando o adversário se acomoda diante de um time moribundo. E agora? Seguir com experiências arriscadas ou voltar ao porto seguro do modelo que dera certo? Mais sensato será voltar ao modelo defensivo que foi considerado o melhor do Brasil, pois todos os jogadores ainda estão em Porangabuçu. E passar a ajustar a parte da meia-cancha e do ataque, setores que precisam de correção.

Realidade e utopias

O carinho cearense é inigualável. Taí Gilmak com o torcedor Mathias, de apenas 1 ano e 7 meses. O aconchego aqui é outro. Nada de Noruega. Mesmo impedido de jogar por problema de transferência, Gilmak vai administrando a situação. O zagueiro Gaúcho também foi para o exterior, mas um impasse o fez retornar. Quando das negociações, cuidado com as utopias.

Esperança

O Ferroviário ganhou confiança para o jogo de hoje à noite, diante do Horizonte, no Moraizão em Maranguape. A equipe treinada por Maurílio Silva evoluiu. Na estreia, pela Copa Fares Lopes, perdera para o Itapipoca (2 a 1). Domingo empatou com o time titular do Fortaleza em pleno Pici (1 a 1). Advertência: o zagueiro Puxa precisa ter mais calma. Poderia ter sido expulso no jogo passado ao trocar provocações com Finazzi. Não é por aí.

Notas & notas

Perdi as contas de quantos treinadores caíram, desde o início do Brasileirão nas diversas séries. Aqui, o Estevam Soares, do Ceará. Em Goiás, Emerson Leão; em Natal, o Lula Pereira, do América/RN; No Rio de Janeiro, Rogério Lourenço, do Flamengo; em Porto Alegre, Sila Pereira, do Grêmio. Ocuparia por inteiro o espaço da coluna se fosse colocar o nome de todos os que caíram. Sem vitória, não dá. E há muito mais na lista de degola.

Recordando

Cláudio Adão. Nasceu em 1955. Atuou no Santos (1972 a 1976), Flamengo (1977). Corinthians (1989). Ele jogou também no Fluminense/RJ, Portuguesa, Bangu/RJ, Cruzeiro, Benfica (Portugal), Bahia e Santa Cruz, dentre outros. No futebol cearense, defendeu o Ceará na década de 1990. Após encerrar a carreira, optou por ser técnico de futebol. (Colaboração de Ernesto Antunes).