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Escolas diferentes

O Brasil tem condições de ganhar da Holanda. Mas deverá, creio, ser o adversário mais difícil dentre os que já enfrentou nesta Copa. O time holandês é compacto, tem força física e velocidade, além de participação coletiva muito boa. Antes da Holanda, o jogo com Portugal deveria ter sido o mais complicado. Mas o fato de os dois já terem entrado com a classificação garantida tirou o sentido de "vida ou morte" que se quis dar. Hoje, sim, "vida ou morte"; vitória ou caminho de casa. Há no time de Dunga forte compromisso de grupo, sentimento ausente na Copa de 2006 na Alemanha, quando sob o comandado de Parreira. Apesar de Holanda e Brasil ocuparem patamar semelhante, a vantagem brasileira está em saber improvisar mais. O time holandês é mecânico, previsível. Esse fator poderá ser muito favorável à "Canarinho".

O melhor

Lúcio alcançou o momento mais brilhante de sua carreira. Melhor mesmo do que em 2002, quando ele foi campeão do mundo pelo Brasil, sob o comando de Felipão. E melhor também do que na Copa de 2006, na Alemanha, sob o comando de Parreira. Tem incrível poder de desarme e recuperação, além de subir ao ataque com muita consciência tática e precisão. Num somatório dos quatro jogos, ele é o mais regular e melhor jogador da Canarinho até aqui.

Definição

Tanto no Brasil quanto na Holanda há jogadores de definição, ou seja, aqueles nos quais o grande público deposita a confiança de que façam a diferença. Pela Holanda, Robben, Sneijder e Van Persie; pelo Brasil, Robinho, Kaká e Luís Fabiano. Situação parecida até no número de jogadores que podem desequilibrar. Mas Kaká e Robinho são mais talentosos que os demais. No trato com a bola, nos dribles curtos e criatividade, não há na Holanda nenhum atleta que supere esses dois brasileiros. Não tenham dúvida de que o técnico holandês, Bert van Marwijk, tentará neutralizar essa vantagem brasileira, aplicando vigilância mais acentuada sobre os dois. Quem será o homem-surpresa?

Inspiração no gol

Julio Cesar, o melhor do Mundo. Ele deve estar preparado, pois a decisão de hoje poderá ser nos pênaltis. Em 1998, na Copa da França, Taffarel pegou dois pênaltis diante da Holanda e levou o Brasil à decisão do título. Hoje, Julio Cesar será a esperança brasileira caso a decisão seja nessa modalidade. Por certo, inspiração no exemplo de Taffarel não lhe faltará.

Atenção

Cuidado com o jovem Eljero Elia, que vem substituindo Kuyt na reta final dos jogos da Holanda. Segundo o site da FIFA, "ele traz aos dias de hoje a magia dos anos dourados do Carrossel Holandês". Elia tem sido presença marcante como ala ou ponta pela esquerda. Com ele em campo a Holanda marcou 3 dos seus 8 gols. Elia declarou que terá satisfação especial, se lhe for dada a chance de enfrentar Maicon que, segundo ele, é o melhor lateral do mundo.

Comparação

Em três jogos de Copa do Mundo, vantagem brasileira: 1974, Holanda 2 a 0, em Dortmund. Em 1994, Brasil 3 a 2, em Dallas, Texas. Em 1998, em Marselha, 1 a 1 no tempo normal, 0 a 0 na prorrogação e Brasil 4 a 2 nos pênaltis. /// Equilíbrio nas disputas entre seleções principais. Em 9 jogos, de 1963 a 1999, 3 vitórias do Brasil, 2 vitórias da Holanda e 4 empates. Houve ainda Brasil 5 x 1 Holanda, seleções olímpicas, em 1952. (Dados de Airton Fontenele).

Recordando

Década de 60. Ceará Sporting Club. A partir da esquerda (em pé): Aloísio Linhares, Betão, William Pontes, Mangaba, Laudenir e Tangerina. Na mesma ordem (agachados): Cleto, João Carlos, Gildo, Dionir e Edilson Araújo. Achei o jogador entre Aloísio e William muito parecido com o zagueiro Nelson, mas o colaborador Jurandy Neves, dono da foto, afirma que é o Betão.