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Olhos da TV

O que os olhos não veem o coração não sente. Mas quando o coração vê um erro e uma injustiça, ajudado mais ainda por 32 câmeras de televisão, o que acontece? Ah, amigo! O coração dana-se a bater forte, revoltado, indignado. Assim aconteceu certamente com jogadores da Inglaterra e do México, vítimas de arbitragens incompetentes na Copa da África. Depois, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, faz um formal e pálido pedido de desculpa pelo equívoco acontecido. E pronto. Isso não está correto, mormente porque já é possível corrigir os erros de arbitragem através dos recursos oferecidos pela televisão. A FIFA precisa sair do conservadorismo e buscar a lisura e a legitimidade dos resultados mediante a utilização do aparato técnico-digital ora disponível. Só mesmo os retrógrados não enxergam os avanços. Por isso o coração deles nada sente.

Mão grande

Há quem defenda uma nova definição de "mão" no futebol. A regra entende como extensão da mão o antebraço e o braço. Portanto, mão grande demais. Fabiano não ajeitou a bola com a mão, mas com o braço. Maradona, sim, ajeitou com a mão. Wellington Silva usou a mão quando marcou aquele escandaloso gol no Ceará num jogo pela Série B 2009. É ridículo a regra admitir como mão o antebraço e o braço. É como se admitir que joelho e pé são a mesma coisa.

Todos os ângulos

Na revista Veja desta semana há uma matéria interessante, mostrando a cobertura das 32 câmeras nos estádios da Copa, algumas captando movimentos que o olho humano não vê. Lá estão duas "ultracâmeras lentas", câmara "spider", câmera steady, câmera lenta convencional, enfim, "32 olhos". Não há ângulo que escape. O olho humano só é capaz de captar 16 frames (quadros) por segundo. A "ultracâmera lenta" capta de 300 a 600 quadros por segundo. Por aí se observa a brutal diferença. As 32 câmeras não são inimigas do árbitro. Podem mesmo ser auxiliares da arbitragem, pois veem o que os olhos humanos não veem. E farão os corações sentirem, não a decepção do erro, mas a alegria da verdade.

Importância

Por mais paradoxal que pareça, muitas vezes é na ausência que se nota como essencial é a presença de um jogador. Caso de Elano. De repente, até seus críticos curvaram-se diante da evidência: com Elano a seleção brasileira rende muito mais, além de ter outra opção de gol que não apenas com Fabiano, Kaká e Robinho. Sem ele, o time sente bastante.

Nomes

Não vejo ainda um nome, nem dos brasileiros, fazendo a grande diferença na Copa. Nem mesmo o Messi, que tem feito bons jogos, pode ainda ser tido como símbolo maior do talento nesta competição. /// Cristiano Ronaldo já se foi. Bom futebol o dele, mas nada de extraordinário. /// Ribéry, sem encantar, cedo foi despachado de volta para a França. /// Robben (Holanda), Klose (Alemanha) e Iniesta (Espanha) são destaques, mas nada geniais.

Técnicos

A observação sobre os bons jogadores da Copa continua. Um deles será escolhido o melhor da competição. Mas, e os técnicos? Maradona está aí com todo o cartaz, mais pelo que foi como jogador do que pelo que é como treinador. /// O mais grosseiro, sem educação, Domenech, da França. Fracassou total. /// Em alta, Joachim Löw, da Alemanha, mas só na orientação, não "limpando o salão". /// Dunga, amado e odiado.

Recordando

1965. O "14 de Julho", do Montese, time que fez muito sucesso nos certames suburbanos e no qual jogaram vários ex-profissionais. A partir da esquerda (em pé): Manoel Mota, Tupy, Vicente, Coíra, João e Costa. Na mesma ordem (agachados): Gledson, Aloísio (ex-Calouros do Ar), radialista Antonio Alberto (também famoso como Coronel Ludugero), Moacir e Barro Preto. (Acervo de Jurandy Neves).