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Mágoas e interesses

O Cenário é o mesmo: Estádio do Junco na cidade de Sobral. O Guarany recebe Horizonte para definir o primeiro finalista do segundo turno. Entre ambos, um acerto de contas. No primeiro turno, deu 1 a 1 em Sobral. Na semifinal, também no Junco, 2 a 2 no tempo normal, mas o Guarany classificou-se na decisão por pênaltis. No segundo turno, no Domingão, Horizonte goleou o Bugre (4 a 1). Espécie de vingança do técnico Felinto Holanda que fora demitido pelo time sobralense. Agora, nova decisão. O treinador do Guarany não é mais Neto Maradona, mas Erasmo Fortes, que perdera o cargo no Horizonte. Portanto, há uma mistura de mágoas e interesses. Ressentimentos naturais, próprios dos encontros e desencontros do futebol. Noto um certo equilíbrio. A vantagem do Guarany é jogar em casa. Desafio maior cabe, pois, ao Horizonte.

O talento

No jogo passado, diante do Ceará, Clodoaldo mais uma vez desfilou seu talento. Impressiona a intimidade que ele tem com a bola. No primeiro turno, foi ele quem puxou a reação do Bugre, após Horizonte abrir 2 a 0 no placar. Aí Clodoaldo entrou e mudou a história do jogo. Fez um gol de falta e comandou a virada. Certamente será alvo de atenção ou marcação especial. O Baixinho livre sempre fará a diferença, mesmo que não tenha fôlego para uma partida inteira.

Lógica e zebra

Há brutal diferença entre o Ceará e o Crato. O primeiro, a imagem de um time em marcha ascensional; o segundo, um time em busca de organização. O técnico do Ceará, PC Gusmão, conta com opções mil; o técnico do Crato, Orlando Caulin, não tem opções. O Ceará com elenco amplo; o Crato, elenco reduzido. Em situações assim, será possível pensar numa classificação do Crato? Pela lógica, não; pela zebra, sim. Como a decisão da vaga acontece numa única partida, tudo é possível, máxime quando a sorte entra em campo disposta a ficar de um lado só. Crato tem sido um time surpreendente. Lutou primeiro contra turbulências internas: ganhou. Agora quer ir mais longe, muito longe. A conferir.

A outra diferença

No horizonte a força de Júnior Cearense, artilheiro isolado do "Estadual" com 12 gols. E, mais que isso, é também o talento criativo da meia-cancha. Se Júnior estiver num dia de inspiração, certamente dará muito trabalho ao Guarany. Outro detalhe: no futebol cearense, poucos sabem, como Júnior, assinalar gols em tiros de média ou longa distância. Opção a mais.

Cuidado

Copa do Nordeste, torneio, seja lá o que for. A competição entre times do Nordeste, segundo especulações, poderá ser realizada no mesmo período da Copa da África. Se não for bem avaliada, poderá resultar num grande fracasso financeiro. Quais os atrativos ou novos apelos que tal competição traria? O vencedor teria direito a vaga numa competição internacional? Sem isso, creio, não vingará porque eclipsada pela Copa do Mundo.

Detalhes

Danúbio, atacante do Horizonte, terá a oportunidade de redimir-se no jogo de hoje em Sobral. Explico: na semifinal do primeiro turno, ele teve a chance de estabelecer 3 a 0 e matar o jogo. Perdeu. O Guarany reagiu e ficou com a vaga. Na ocasião, Danúbio foi crucificado como responsável pelo fracasso. /// Peça fundamental no esquema do Guarany é o lateral-esquerdo Jonny. Joga muito e não raro apresenta-se como homem-surpresa, fazendo gol. ///

Recordando

Década de 1970. Uma das formações do Ferroviário. A partir da esquerda (só os jogadores) em pé: Jurandir, Douglas, Gomes, Roberto, Coca-Cola e Barbosa. Na mesma ordem (agachados): Lucinho, João Carlos, Facó, Edmar e Paraíba. Hoje, Barbosa exerce a presidência da Agap. Edmar é técnico de futebol. Facó é engenheiro e político conceituado. (Acervo de Elcias Ferreira).