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Camisa ganha título

Jamais duvidem do que o Fortaleza é capaz. Jamais menosprezem o tricolor de aço, mesmo quando tudo parecer irremediavelmente perdido. Jamais esqueçam da mística daquelas camisas. Foi assim, massacrado por 4 a 1 no placar e um show de bola do Guarany, que o Leão superou a humilhação e saiu da derrota para a glória. O Guarany mandou no jogo e poderia ter aplicado uma goleada histórica de seis ou sete gols. Mas erros imperdoáveis de percepção surpreenderam o Bugre e dele tiraram um título que estava teoricamente conquistado. O Guarany desfilou talento e categoria com Clodô, Jony e Companhia; o Fortaleza, no auge do desespero, desfilou garra e personalidade, com Rinaldo, Peres, Gilmak, Guto e companhia. Daí a diferença entre um time que queria ser campeão, o Guarany, e um time que soube ser campeão, o Fortaleza.

O talento

Clodoaldo como nos velhos tempos. Um show de bola que levou pânico à defesa do Fortaleza. Dele o golaço, de falta, que abriu o placar. Dele o passe sutil, de elevada categoria, para seu companheiro Jonny marcar 2 a 1. Dele a frase de desabafo de quem não queria ter sido substituído, mas foi: "O treinador quis. Fazer o quê"? Clodoaldo era a diferença em campo. Creio ter sido precipitada a sua substituição no começo do segundo tempo. Grave erro de Neto Maradona.

Observações

O Guarany foi muito melhor que o Fortaleza. Deu show. Único invicto, teve tudo para ficar com o título, já pela bela apresentação de Tiago Granja, Jony, Jean, Garrinchina, Jean e Clodoaldo. Mas pecou por pensar que o jogo estava ganho. Relaxou, brincou e cedeu. Perdeu nos pênaltis. Valdir Papel abusou de perder gol. Quis esnobar, tentando gol com estilo. Desperdiçou duas chances de ouro. Tudo estava fácil. Aí o castigo veio. O Fortaleza ganhou quando Luiz Müller arriscou tudo com Rinaldo, Bismarck e Eusébio. Acreditou no inacreditável. Assumiu riscos. De Bismarck o passe para o gol de Guto. E pela direita nasceram os dois gols de Rinaldo. A defesa do Guarany assombrou-se. E caiu por terra.

Rinaldo: tricolor predestinado

Rinaldo e Fortaleza formam histórica fusão de imagem. Camisa e jogador se identificam pelos fraternos laços de recíproco sucesso. Quando tudo parecia perdido, de Rinaldo vieram os dois gols salvadores que levaram a decisão para os pênaltis. Verdade que ele perdeu sua cobrança. Mas a torcida o perdoou. Sem Rinaldo, o título não teria acontecido.

Inquietações

O Ceará ganhou do Itapipoca (1 a 0), gol de Esley, mas deixou inquietações. PC tem encontrado dificuldade no trabalho de devolver ao grupo a desenvoltura e o brilho que o time tinha no ano passado. Daí as restrições da torcida. Mesmo assim, criou boas situações. Mandou bola na trave em chute de Rone Dias, desperdiçou pênalti com Leozinho e chances razoáveis com Ernandes e Anderson. A exigente torcida quer o time no ritmo que tinha em 2009.

Segundo turno

Narrei a vitória do Maranguape (0 x 1) sobre o Limoeiro, gol de César. Fique impressionado com a falta de qualidade no primeiro tempo. Na fase final, melhorou um pouco. Quase nada. /// Olha o Crato novamente na liderança, tal como aconteceu no primeiro turno, quando o time cratense em momentos sustentou-se no primeiro lugar. Resta saber se desta vez o Cratinho de açúcar lá se manterá. Vitória de virada sobre o Boa Viagem (3 x 2) animou.

Recordando

Década de 80. Time de futebol de salão da Fiação Santana. A partir da esquerda (em pé): Edilson José, Goiaba, Zé Walter e Demir. Na mesma ordem (agachados): Orzete, ? , e Raimundo Delfino Filho, hoje diretor-presidente da Santana Textile. Detalhes: Edilson José foi também goleiro profissional do Fortaleza. Como dirigente, ocupou cargo importante no alto comando tricolor. (Acervo de Jurandy Neves).