Matéria-672059

Acorda, Fortaleza!
Basta! Não há mais como conter a reprovação de tudo o que está acontecendo no Fortaleza. O tricolor está envergonhando sua torcida e enxovalhando um passado de tantas conquistas. A presente campanha é a negação de todos os predicados antes aplicados ao time do Pici. Cadê o brio? Cadê a raça? Cadê a mística daquelas camisas que Blanchard Girão imortalizou na sua crônica. Onde sepultaram o respeito aos dirigentes históricos como Alcides Santos, coronel Mozart Gomes e Otoni Diniz? Estão transformando o Fortaleza num corpo em decomposição? Não, senhores! Uma instituição que orgulha os cearenses não pode ser jogada na vala comum das humilhações como o Fortaleza está sendo jogado. Hoje, qualquer time de subúrbio é capaz de expectorar na face dos tricolores. Se o Leão cair para a Série C, não será o fim do mundo, mas certamente será o mais vergonhoso enfraquecimento moral dos últimos tempos.

Ridicularia
Senhores, o Fortaleza não é um time qualquer para ser levado na ridicularia, alvo de gozações como coisa de pouco valor. Este time tem em sua história dois títulos de vice-campeão da Taça Brasil, título do Nordestão, dezenas de títulos estaduais. Não faz muito, por duas vezes representou o futebol cearense na Série A. Vão admitir agora a imagem mambembe que se espalha pelo Brasil?

Repercussão
Se acontecer o rebaixamento do Fortaleza, as perdas serão significativas não apenas no âmbito do futebol, mas também em diversos os segmentos econômicos do Estado. No lugar de representar os avanços e progresso de nossa gente, o Leão será transformado em símbolo do fracasso.

Apoio
Por via indireta, um time vitorioso projeta o Estado. É veiculo de divulgação das riquezas e manifestações de um povo. Quando, porém, descamba para infindáveis derrotas, compromete a visibilidade que se quer dar porque associa ao Estado a imagem da frustração e da incompetência. O Fortaleza está assim. Mas não pode continuar assim.

Patrocinadores
Na camisa do Fortaleza estão estampadas as marcas de patrocinadores. Estes também devem ser respeitados. Nenhum time está obrigado a ganhar o título nacional, mas está obrigado a ter um mínimo de decência. O Fortaleza não está tendo.

Alerta
Perguntarão, talvez, a razão por que resolvi bater forte hoje, tendo o Fortaleza como tema exclusivo de minhas observações. Explicação simples: nunca vi o tricolor tão perto da terceira divisão como vejo agora. Daí a contundência.

Fracos
A responsabilidade do cronista está também no papel de bater forte quando os dirigentes se mostram pusilânimes. É usar a clava quando o alto comando de um time importante parece atônito. É soquear e sacudir os que anestesiados quedam diante das adversidades. Muitas vezes, por falta de um grito...

Fortes
Busquem no passado as lições que conduziram o Fortaleza a retomadas históricas. Este time já esteve à beira da falência, vendo penhorado o seu patrimônio. Entretanto, hoje, no lugar da massa falida, ostenta sede e estrutura de time grande. Ora, se foi capaz de reverter quadro tão desfavorável por que não poderá reverter a grave desvantagem de agora no campo de jogo?

Todos
Não me venham culpar tão-somente a diretoria que aí está. A culpa pelo atual fracasso do Fortaleza é de todos, sem exceção. É também dos ex-dirigentes que debandaram porque movidos por bobas susceptibilidades. Melindres que poderiam ter sido contornados para o bem do clube. Mas as vaidades pessoais ficaram acima dos interesses da instituição.

Consciência
Metam a mão na consciência, dirigentes atuais e ex-dirigentes. Busquem a razão do “racha” que a nada conduziu. Onde os senhores deixaram o tão decantado amor pelo clube? Estarão rindo, com a boca cheia de dentes, ante a desgraça que se aproxima? É esse o sentimento que os senhores têm pelo clube?

Chegar junto
Taí o recado. Não faz muito o Marcelo Nicácio disse que faltou vergonha na cara do grupo. É hora, pois, de tirar as máscaras. Que saiam dos esconderijos os que há bem pouco tempo cantavam loas ao Leão.

Recordando
1974. Fortaleza bicampeão cearense. No alto comando de então, dois saudosos dirigentes que poderiam ser tomados como exemplo pelos que aí estão: Camilo Aguiar (o 2º a partir da esquerda) e Ney Rebouças (o 4º a partir da esquerda). Tempo de um Fortaleza vitorioso porque unido em todos os segmentos.

"O Fortaleza é como mandacaru: cresce na adversidade”.
Sílvio Carlos Vieira Lima, ainda transmitindo esperança
Jornalista, grande benemérito do Leão