Dois Airtons
Dois apaixonados por pesquisas. Eles são mais ou menos da mesma idade, um pouco acima de oitenta anos. Senhores respeitáveis: Airton Monte e Airton Fontenele. O primeiro, pai do médico e colunista Airton Monte, sabe tudo do futebol argentino; o segundo, tudo sobre a Seleção Brasileira. Não raro, dou corda nos dois. O Monte muda de cor quando digo que Pelé foi o melhor do mundo. Aí o Monte dispara: ´Como? Ele disputou três Copas e em nenhuma foi artilheiro´. E arremata: ´Em jogo coletivo não existe melhor do mundo´. Desisto de argumentar. Temo levar o Airton Monte a um enfarte. Pior é quando digo ao Fontenele que, com os dados agora disponíveis na Internet, não mais precisarei do acervo dele. Noto um ar de tristeza no Fontenele. Ele, resignado, sussurra: ´Está certo, meu amigo´. Brincadeira à parte, sempre precisaremos de pesquisadores e historiadores. Os dois Airtons são fogo. Imprescindíveis, sim.
Sério
Airton Monte fala sério quando o assunto é futebol argentino. Afirma que os brasileiros aprenderam a jogar com os argentinos. Pode ser. E prenderam tanto que ultrapassaram os mestres, pensou eu. Basta ver os cinco títulos mundiais que a Canarinho ganhou.
TítulosAirton Monte não se conforma com minhas puxadas a favor dos brasileiros. Aí ele leva o assunto para o automobilismo e lembra que na Fórmula 1 o argentino Juan Mamuel Fangio ganhou cinco títulos mundiais. É verdade. Mas na soma de títulos os argentinos perdem.
Nove
Ora, na Fórmula 1 o Brasil ganhou dois títulos mundiais com Emerson Fittipaldi, três títulos mundiais com Nelson Piquet e três títulos mundiais com Ayrton Senna. Portanto, três títulos a mais a favor do Brasil.
Craques
Verdade é que argentinos e brasileiros têm seus valores em todos os esportes. Foi ótimo curtir com o Airton Monte um pouco dessa rivalidade que até parecia meio esmaecida. De Di Stéfano a Didi, de Carlos Reutemann a Fittipaldi, de Pelé a Maradona, cada um com sua contribuição inestimável. Que me perdoe o Airton Monte, mas jamais vi alguém fazer o que Pelé fez pelos gramados do mundo.
Pressão arterialO pesquisador Airton Fontenele pega ar, corda mesmo, quando digo que ninguém quer mais saber dessas coisas do passado. Antes que a pressão arterial dele suba, cuido logo de dizer que é gozação. Aí mudo a prosa e faço as anotações importantes que ele me passa.
AcervoAirton Fontenele tem um dos maiores acervos do Brasil. No Jornal do Brasil, o saudoso João Saldanha já dizia que ´com o Airton ninguém pode´. Referia-se à dúvida que Fontenele tirara sobre os gols acontecidos no jogo Brasil 6 x 5 Polônia na Copa de 1938. Na ocasião, Fontenele corrigiu erro da Revista Placar, foi contestado, mas depois a própria Placar reconheceu que Fontenele tinha razão.
BiografiaO atacante Osvaldo, do Fortaleza, teve seu quadro colocado na ‘‘Sala João Saldanha’’, na casa de Fontenele. No encontro do Memofort, Fontenele também apresentou a biografia de Babá, craque cearense tri carioca pelo Flamengo. Memórias preservadas.
Conclusão
Pesquisadores assim são importantes para preservar a memória do esporte. Dois amigos. Gente boa. E, vez por outra, uma ´cordinha´ para brincar...
AuxiliaresMeu amigo Ednardo Pinheiro Lima, funcionário do Grupo Edson Queiroz, não se conforma quando um time é prejudicado por erro de arbitragem. Para evitar erros como o do gol irregular que deu a vitória ao São Paulo sobre o Goiás (1 a 0), ele sugere o uso de quatro auxiliares.
ConfusãoQuatro auxiliares, ou seja, dois em cada lado do campo. Não sei se a sugestão do Ednardo resolveria o problema. Se os dois auxiliares do mesmo lado divergirem, não ficará mais complicado para o árbitro? Defendo o uso da tv, com repetição imediata da jogada, visando a dirimir dúvidas graves. Assim os erros graves seriam evitados.
"O Barrichello é assim: reclama quando perde e quando ganha."
Michael Schumacher, após o Desafio das Estrelas que Barrichello ganhou
Heptacampeão de Fórmula 1