País do futebol
Pesquisa recente mostra que o futebol brasileiro tem agravada a crise financeira que há muito vem incomodando a maioria dos clubes nacionais, inclusive os grandes. O colunista José Augusto Lopes mandou-me artigo interessante, assinado por Marcos Alvito, publicado na revista Super, de setembro. Alvito mostra que, no momento, a Inglaterra é o verdadeiro país do futebol. E cita dados irrefutáveis. Diz Marcos Alvito: ´Com 40 mil clubes e uma 2ª divisão com mais público que a nossa 1ª, a Nação que inventou o football tem muito a ensinar à Pátria de Chuteiras´. Pelos números, é verdade. A Inglaterra tem seis times entre os 20 que mais faturam no mundo (Manchester United, Chelsea, Arsenal, Liverpool, Tottenham e Newcastle United). E mais: média de público excepcional nas três divisões. Aqui, os clubes vivem pendurados, tendo de vender seus craques para sobreviver. Pode?
MilhõesO faturamento dos seis clubes ingleses, em milhões de reais, no ano passado, ficou assim: Manchester (786), Chelsea (706), Arsenal (659), Liverpool (496), Tottenham (382) e Newcastle (322). Que time brasileiro conseguirá marca igual? Creio que nenhum.
ClubesOutra diferença: na Inglaterra há 40 mil clubes em atividade contra 13.500 clubes no Brasil. E a média de público da 2ª divisão de lá em 50% maior que a da Série A do Campeonato Brasileiro. Está explicada a razão por que eles podem levar os nossos craques.
ComparaçãoEm vista do que foi exposto, fico a perguntar como os clubes brasileiros estão conseguindo conviver com tantas dívidas. Dívida para com o INSS, dívidas trabalhistas, dívidas com fornecedores. E, com relação aos clubes cearenses, nem pensar.
GinásticaTorna-se mágica manter Ceará e Fortaleza na Série B nacional, com dotações bem inferiores aos gastos necessários para a manutenção das equipes. Por isso, não raro os atrasos salariais acontecem. Velha história do cobertor curto. Não sei mesmo como os dirigentes, na grande maioria, suportam tanta responsabilidade. E, além disso, vez por outra, os insultos da torcida.
CearensesOra, se me refiro a Ceará e Fortaleza que ainda contam com receita porque estão em ação num campeonato oficial, calculem os times que atuam apenas quatro meses como as integrantes do certame estadual. Caso do Horizonte, Ferroviário, Icasa, Quixadá...
DistorçãoNo futebol brasileiro há visíveis contrastes. Apesar de ser o único país com cinco títulos mundiais, seus times vivem em dificuldade. Por mais paradoxal que pareça, até os que têm melhor controle financeiro e patrimonial sentem a necessidade de vender os craques para manter a situação mais ou menos em ordem.
Diferença
Há quem defenda uma legislação que dificulte a saída dos jogadores, mormente os mais jovens, que teriam de aqui permanecer, seguindo normas especiais. Sim, mas será possível brigar com o capitalismo que manda no mundo do futebol? Acho muito difícil.
ReduçãoAqui há notória preocupação com a média de público, que não está acompanhando as expectativas. Também com jogos pela madrugada, insegurança e transporte escasso... Tudo isso tem de ser repensado. Ter a clientela como alvo é necessário.
ReclamaçãoForam tirando dos estádios os torcedores. Foram remetendo esses torcedores para bares e restaurantes. Foram empurrando os jogos para horários e dias inconvenientes. Depois reclamam porque os números não satisfazem, máxime se comparados com as casas cheias do europeus.
Proveito
Há necessidade urgente de uma revisão geral nos conceitos ora predominantes. As gangues continuam espantando os homens de bem. Estes temem a violência que acontece após os jogos. Sendo assim, o futebol inglês, mais rico e organizado, certamente levará mais brasileiros. E disso seguirá tirando o melhor proveito.
"Sócrates, a pedido de Telê, deu carrinho no futebol moderno e não deixou de ser brilhante."Ruy Vieira e Silva (ruyvieiraesilva@yahoo.com.br
Colaborador