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Visíveis e invisíveis

Mais um clássico maior. Ceará e Fortaleza fazem a história do que há de mais sublime no futebol da gente. As circunstâncias que envolvem um jogo assim fogem da análise até dos mais experimentados profissionais de comunicação. Sim porque são circunstâncias muitas vezes invisíveis, sobrenaturais, inexplicáveis, só registradas na hora do jogo. Há até os chamados ´gols espíritas´ porque entram como que empurrados por forças não captadas pela lente humana. Já dizia o saudoso comentarista Paulino Rocha que a prudência deve ser total em momentos como o de hoje, máxime quando as equipes passam por situações de desigualdade. Não raro, essa diferença desaparece a partir do apito inicial e tudo se equilibra. O torcedor de arquibancada conhece bem as incertezas que envolvem os jogos entre alvinegros e tricolores. O cenário de hoje é semelhante ao de outras épocas: imprevisível

Melhor

Teoricamente o Ceará está melhor que o Fortaleza. Pela posição, pela campanha e pelo ambiente interno nota-se que o alvinegro contornou seus momentos mais delicados quando da saída de Eugênio Rabelo. E já agora Evandro Leitão tem amplo domínio da situação.

Ajuste

O técnico Lula Pereira acertou o time do meio campo para frente, mas ainda tem dificuldades no ajuste do miolo da zaga, onde as falhas são notórias, a despeito de todo o esforço para dotá-lo de equilíbrio. O alvinegro tem tomado gols bobos. E isso preocupa o treinador.

Desarranjos

O Fortaleza experimenta dupla transição: uma em campo e outra no alto comando. Esta, aliás, vinha tendo desdobramentos internos cuidadosamente abafados. Só quando passou a um desgaste insuportável, Marcelo Desidério pediu para sair. Quer queiram, quer não, tal situação tinha tudo a ver com os desarranjos em campo.

Confiança

Agora, com a mensagem direta do presidente Lúcio Bonfim, dinheiro injetado para cobrir obrigações e necessidades imediatas, o ânimo no Pici saiu da insegurança para confiança. Isso determinará reflexo positivo em campo. Uma coisa está diretamente ligada à outra.

Pressão

O técnico do Fortaleza, Luís Carlos Barbiéri, diante da definição da nova presidência, ganhou mais serenidade para trabalhar. Fará sua estréia em clássico local. Dobrada responsabilidade já pela ausência de vitórias. Mas ele tem bastante experiência para suportar e superar pressões.

Nível

Alcançaram padrão muito bom na produção alvinegra: Dedé, Fábio Vidal, Marcos Paraná, Cleisson, Vavá e Luís Carlos. Pela primeira vez o cearense Dedé terá a oportunidade de atuar no clássico mais importante do estado. Taí a chance.

Momento

Ciel terá no clássico, mesmo se entrar no transcorrer da partida, a oportunidade de redimir-se do desconforto decorrente de contratempos passados. Sugestão: menos afobação na hora das conclusões. A ansiedade do atleta o prejudica. Ele tem ótima velocidade e dribles perfeitos. Sem afobação, tudo o mais ele alcançará por acréscimo.

Formação

Por mais paradoxal que pareça, a melhor produção do Fortaleza sob o comando de Barbiéri foi no jogo que ele perdeu para o Vila Nova. Se mostrar hoje o mesmo padrão, com certeza terá condições de jogar à altura do que o clássico exige.

Rivalidade

Não há favorito. Pouco importa que o Ceará seja o 7º colocado e o Fortaleza o 17º. Pouco importa que o alvinegro esteja de olho no G-4 enquanto o Fortaleza luta para sair do rebaixamento. A rivalidade e a história nivelam ainda que a diferença de colocação seja significativa.