Sensibilidade
Tenho acompanhado as declarações do novo treinador do Fortaleza, Luís Carlos Barbiéri. Seu recado foi direto: prioriza a disciplina. Não pode prosperar um time sem a observância de preceitos básicos de comportamento. Concordo com ele. Cuido, porém, de fazer uma diferença fundamental: não confundir disciplina com sistema de quartel. Nestes meus 43 anos de batente, já convivi com treinadores de diversos tipos. Há os querem se impor no grito, na arrogância. Geralmente, esses fracassam. E há os que sabem se impor pela competência. Jamais esqueci a passagem de Urubatão Nunes aqui. Queria mandar na imprensa e mudar apelidos de jogadores. Não deu certo. Ser disciplinador é necessário, sim. Mas repito: nada de ser inflexível. Diante de certas circunstâncias, não custa contar até dez. Ainda que exigente, o técnico matreiro sabe ter jogo cintura. Questão de sensibilidade. Questão de inteligência.
ImportaçãoNos últimos anos, o futebol cearense tem trazido variada gama de treinadores: Luís Carlos Cruz, Zé Teodoro, Zetti, Márcio Araújo, Hélio dos Anjos, Mauro Fernandes, Dorival Júnior, Ferdinando Teixeira, Paulo Bonamigo, Heriberto da Cunha, Celso Teixeira...
IntercâmbioÉ importante a troca de experiência com treinadores de outras regiões. E olhe que na lista não inclui outros nomes que só agora lembro como, por exemplo, Wagner Benazzi, Silas Pereira, José Galli Neto, Amauri Knevitz, Fernando Polozzi, Aderbal Lana, José Dutra...
MaisSe puxasse mais pela memória, talvez escrevesse a coluna inteira com os nomes de técnicos de fora que vieram trabalhar aqui. Eis mais alguns: Zanatta, Zé Mário, Ramirez (o uruguaio que correu atrás do Rivelino em pleno Maracanã), Paulo Zagallo (filho do Zagallo) que treinou o Guarany. Por aí...
Sina
Valeu a experiência. Alguns foram vitoriosos, ganharam títulos; outros não tiveram a mesma sina. Alguns foram injustos; outros, injustiçados. Cito o caso de Amauri Knevitz, que foi contratado pelo Fortaleza. Após o terceiro jogo, foi demitido de forma sumária. Incrível.
Sósia
Em compensação, houve treinador com mais de uma passagem pelo mesmo clube. Caso de Hélio dos Anjos e de Ferdinando Teixeira. A propósito, Ferdinando está aí de volta, mas agora no comando do ABC. É o destino. Barbiéri vai estrear exatamente enfrentando um técnico que já foi ídolo do Leão: Ferdinando.
Longa ausênciaPesquei da coluna do Everaldo Lopes na Tribuna do Noite de Natal: ´Aqui pelos meus cálculos, sem a preocupação matemática de levantar números, tenho a impressão de que faz muito tempo que Ferdinando Teixeira não trabalha à beira do gramado do Castelão cearense dirigindo uma equipe do RN. Fora o período em que esteve à frente do Fortaleza e do Ceará, essa deve ser a primeira vez que retorna à beira do túnel do Plácido Castelo´.
CaveirãoTambém na coluna do Everaldo li que o novo estádio da cidade de São José de Mipibu será chamado de Caveirão. Homenagem a um ponta-direita arisco cujo apelido era Caveirinha.
MedoCom o medo de morrer que o Sebastião Belmino tem, não convidem o apresentador da TV Diário para a inauguração do Estádio Caveirão. Com certeza o convite será recusado pelo Bel.
VotosSeja como for, espero que o futebol cearense saiba tirar o melhor proveito dos treinadores de fora. São profissionais que aqui chegam com o melhor propósito. Merecem ser tratados com a natural hospitalidade dos cearenses. Ao Luís Carlos Barbiéri os meus votos de sucesso no Leão.
PadrãoVou aguardar os próximos jogos dos times cearenses na Sé B: amanha, no Castelão, Fortaleza x ABC; já no sábado, dia 05 de julho, em Natal, ABC x Ceará. Incomoda-me sobremaneira a falta de padrão dos representantes cearenses. Ora, jogam bem; ora, não. Animam e desanimam. Avançam e recuam. Endoidam qualquer um.
"Das outras vezes, foi do mesmo jeito. Falatório, promessas e, no fim, nada".
Fernando Soléra, desiludido com a construção do Estádio do Corinthians
Colunista da Gazeta Esportiva.Net