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Transmissões pagas

Repercute a decisão tomada pela diretoria do Atlético/PR, segundo a qual as emissoras de rádio terão de pagar para transmitir os jogos desse time no Campeonato Brasileiro 2008, independente do mando de campo. O valor estipulado pelo clube foi de R$ 15 mil por partida ou R$ 456 mil o pacote, envolvendo os 38 jogos. Segundo a nota oficial, o objetivo é valorizar a marca do clube. Respeito a posição assumida pelo Atlético/PR, mas discordo dos argumentos apresentados. Primeiro, o time rompe com uma tradição histórica da cobertura radiofônica grátis desde a década de 30; segundo, o valor estipulado (R$ 15mil) revela inaceitável exploração, adotada sem qualquer levantamento técnico. Que critérios levaram o Atlético/PR a esse valor? Há rendas que não dão isso. Há departamento esportivo que não fatura por mês o que o Atlético/PR quer cobrar por uma única partida. Grave distorção, pois.

Contrapartida

Se o Atlético, como diz, quer cobrar para valorizar a marca, quanto o clube pagará às emissoras que passam a semana inteira divulgando gratuitamente tal marca, conclamando o público a comparecer aos estádios. O clube deveria então pagar pela referida conclamação.

Conversa

Quero acreditar que um diálogo deve ser estabelecido. Há no conjunto da proposta conseqüências sociais e desemprego que ocorrerão a partir daí. É bom que fique claro: o clube, como marca, também deveria pagar pela divulgação diária, que acaba lhe dando dividendos.

Diferença

O problema levantado ganhará, por certo, dimensão nacional. A idéia teve seu berço na carona da tv, que já paga milhões aos clubes pelos direitos de transmissão. O rádio é meio aberto de comunicação que chega grátis aos pobres. Difere dos canais fechados das redes pagas, que lucram bem.

Camada

Se as emissoras de rádio desistirem dos programas e transmissões de futebol, a camada mais pobre da população, alvo preferido das ações sociais do governo Lula, sentirá bastante, pois o ´rádio-esporte´ ainda é uma de suas prediletas companhias.

Retorno

Nas Copas do Mundo, as emissoras pagam para transmitir, mas, em compensação, recebem todo um aparato que aqui não é dado. Há transporte grátis no roteiro hotéis/estádios/metrô, alimentação subsidiada, assistência técnica, monitores de tv, preços diferenciados nas passagens entre cidades. O que será dado aqui?

Mão única

Estaria o clube apenas querendo ganhar o dinheiro e pronto? Se todos os clubes assim agirem, poderão estar matando a galinha dos ovos de ouro. A televisão aberta tem espaços limitados. Já o rádio promove o futebol o dia inteiro. O silêncio do rádio sobre o assunto terá grave repercussão. É só testar.

Tsunami

É bom que os sindicatos e associações das emissoras de rádio assumam posições rigorosas a respeito do assunto. A atitude tomada pelo Atlético/PR poderá ser transformada num tsunami capaz de tornar inviável as transmissões de futebol pelo rádio. Um absurdo.

Exemplo

Num amistoso em Bologna, Itália 0 x 1 Brasil, 1989, os italianos queriam cobrar taxa extra das rádios brasileiras que transmitiriam o jogo. João Havellange interferiu e impediu que a esdrúxula taxa fosse paga. Espero que Ricardo Teixeira siga o mesmo exemplo.

Sugestão

Para recuperar o gramado do Castelão duas medidas simples: primeiro, não permitir treinos ali; segundo, cobrir o grama com lona, como foi feito no gramado do Estádio Rasunda, em Estocolmo, antes da final da Copa de 1958, Suécia 2 x 5 Brasil. Há uma semana para melhorar a situação.

Recados

De Luiz Matos Batista: ´O Recordando, na coluna, é muito bom´. Agradeço, Luiz. O Recordando é feito pelos que me mandam fotos./// De Marcos Antonio da Silva: (socram1380@hotmail.com): ´O jogador de futebol, Ely Mendonça, que atuou no Calouros do Ar na década de 80, também tinha uma bala no joelho´.

"Trazem árbitro de fora só para errar mais do que os daqui".
Juranilson, após ser vítima de pênalti legítimo não marcado
Atacante do Ceará