Modelo mata-mata
Quando o certame passa para a fase semifinal, ganha aspecto bem diferente. No novo modelo de disputa, entram fatores que nem sempre influenciam quando na etapa classificatória. Caso, por exemplo, da tradição e da história de cada competidor. Outro dado interessante diz respeito ao modelo, que sai de ´pontos corridos´ para ´mata-mata simples´, sem contar em dobro os gols feitos no mandante de campo quando houver igualdade de pontos após as duas partidas. Há expressiva diferença entre os dois segmentos. A fase semifinal é um começar do zero, onde tudo o que foi feito anteriormente deve ser esquecido. Agora, o único time em desvantagem, no tocante ao mando de campo, é o Horizonte, despojado do Clenilsão. Os demais jogam em casa, no Estádio Plácido Castelo. De qualquer forma, vale lembrar que, no primeiro turno, campeão foi o Icasa, que disputou a final no campo do adversário.
Tradição
Quando falo em tradição, tenho de fazê-lo, mas considerando as mudanças verificadas nos últimos tempos no futebol brasileiro, onde nem sempre as grandes equipes vencem as decisões. No primeiro turno, Ceará e Fortaleza ficaram pelo caminho, batidos pelo Icasa.
Inédito
Até agora, no Estado do Ceará, nenhum time do interior ganhou em campo um título estadual. O título do Icasa, em 1992, foi dividido com Fortaleza, Tiradentes e Ceará, numa decisão de gabinete tomada pela Federação Cearense de Futebol, visando a evitar impasse com a CBF.
Chegaram pertoO time do interior que mais tem perseguido o título estadual em campo é o Icasa. Este ano tentará outra vez. Afinal, deixou escapá-lo em cinco outras oportunidades. Outro do interior que andou perto do título estadual foi o Guarany de Sobral, em 1970. Disputou o triangular final e acabou em terceiro lugar, embora tenha feito o jogo decisivo com o Ferrão.
Avanço
Há claras mudanças de comportamento, visto que o intercâmbio tem dado visível avanço às potências emergentes, fato verificado especificamente em São Paulo no atual certame. É bom lembrar que em estados como Piauí, Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte, dentre outros, equipes interioranas já conquistaram títulos.
PersonalidadeHorizonte outra vez na semifinal. Agora com os três grandes da capital. Portanto, para ser campeão do returno, terá de eliminar dois grandes. Desafio maior que o do primeiro turno. Hora de mostrar personalidade.
PosiçõesVale a pena administrar posições para escolher o adversário na semifinal? Expediente assim já houve até em Copa do Mundo, quando a Alemanha Ocidental, dizem, perdeu para a Alemanha Ociental, visando a evitar a Holanda, como realmente evitou, pegando-a somente na final de 1974, como queria.
SituaçãoNo momento, pela qualidade dos disputantes, há quase que um nivelamento. Em desvantagem mesmo, como já frisei, apenas o Horizonte, que sairá de seu hábitat para novamente encarar o adversário do Castelão.
Equilíbrio
Ferroviário, Fortaleza e Horizonte chegam à última rodada em condições de alcançar a liderança ou, no caso coral, nela permanecer. Apenas o Ceará não pode mais ser primeiro colocado, mas poderá ficar em terceiro lugar, caso ganhe do Uniclinic e haja empate entre Leão e Horizonte.
ClássicoHá quem diga que Ceará e Fortaleza não querem se encontrar na semifinal. O objetivo é tentar o encontro dos dois somente nos jogos decisivos do turno. De certa forma é compreensível o desejo recíproco. Mas não está ao alcance de ambos a definição assim. Há interdependência.
Lado financeiroOutra corrente já defende ponto de vista segundo o qual o correto seria Ceará e Fortaleza se encontrarem logo agora, na semifinal. Motivo simples: não correriam o risco de ficar sem o clássico maior, caso haja eliminação de um deles por Horizonte ou Ferroviário. Quem pensa assim vê o lado financeiro da questão.
"O mal do urubu é pensar que o boi está morto".
Dimas Filgueiras, lembrando ditado popular muito repetido por Tiquinho
Técnico do Ceará