Pressão interior
É muito comum, em dia de festa, o dono do evento não alcançar a vitória planejada. De forma inconsciente, fica na mente do jogador a idéia de que obrigatoriamente terá de ganhar. Uma espécie de velada pressão interior. A cobrança da torcida existe, mas, às vezes, é até menor do que aquela imposta pelo próprio atleta. Daí, quase sempre, a transformação de um jogo simples numa partida complicada. Com o Fortaleza não foi diferente. Criou clima de festa no Pici com a inauguração do Estádio Alcides Santos. E transformou numa disputa renhida o que, em outras circunstâncias, seria mais uma corriqueira partida do ´estadual´. Então, o que lhe era favorável passou a ser empecilho. Nesta parte, quem entra como franco atirador tem suas vantagens. Foi o caso do Itapipoca. Estava ali como coadjuvante, indiferente ao resultado. Tirou proveito da tensão tricolor e por pouco não roubou de vez a cena da comemoração.
BrilhouHá atletas que, de repente, de figurantes assumem a atenção geral do espetáculo. Assim foi Popó. Poucos dele tinham ouvido falar. Na festa do estádio tricolor, Popó surgiu como um relâmpago e fez dois gols. E todos se perguntavam: de onde veio, de onde saiu este Popó?
Garra e golsO atacante Luís Carlos, do Ceará, foi a melhor contratação alvinegra este ano. Vejam sua disposição em campo. Desempenho eficiente em todos os sentidos, quer marcando gols, quer sempre se movimentando na sua faixa de ação. Exemplo que os demais atacantes, principalmente Vavá e Reinaldo, também deveriam seguir.
DificuldadeAs turbulências mexem com Vavá. Há jogadores que não se abatem em situações adversas. Mas Vavá parece fazer parte do rol daqueles que se deixam impressionar demais com as oscilações. Daí a dificuldade que ele tem de manter a regularidade que todos reclamam. Creio haver necessidade de um acompanhamento psicológico, visando a fazê-lo manter o equilíbrio, mormente nos períodos críticos como agora.
Plano salvadorNada mirabolante, fantasioso. O plano para tirar o Ceará da crise passa necessariamente por um novo modelo de gestão. Enquanto depender da generosidade de pessoas ou empresas, ficará sujeito aos humores de ocasião. O Ceará precisa de investimento, com retorno certo para o investidor. Precisa fazer negócio, não negociata.
ExecuçãoOs recentes presidentes alvinegros têm o mesmo queixume: foram abandonados e arcaram sozinhos com os ônus. Haverá agora o tradicional impulso inicial e depois o recuo de sempre? Não sei. Lembro o tempo da gestora, com o patrocínio da Icatu Hartford. O plano era bom, mas não deu certo por erro de execução.
IniciativasEm 1982, quem levou o empresário José Ermírio de Morais ao Fortaleza foi o presidente da FCF, Josenéas Barroso. Louve-se a iniciativa do saudoso Robério Vieira, o Gata Mansa. Ermírio atendeu pedido do então presidente do Fortaleza, Sílvio Carlos, e doou 500 sacas de cimento para o início das obras do ´Alcides Santos´. /// Há poucos anos, o ex-presidente tricolor, Raimundo Regadas, também deu sua parcela de colaboração.
PressaNão quero acreditar que o PV vá passar fechado o ano todo. Pode ser que eu esteja enganado, mas as providências me parecem lentas demais. Quando chegar a segundona nacional, com jogos noturnos às terças e sextas, será um tormento, quer pela distância, quer pela falta de transporte.
CobrançaRogerinho segue nas graças da torcida tricolor. Mesmo com o resultado insatisfatório diante do Itapipoca (3 a 3), ele teve o reconhecimento de seu trabalho. Detalhe: não apenas pelo gol que marcou, mas pelo que produziu como um todo. Com apenas 20 anos de idade, ele tem tudo para bilhar no futebol brasileiro.
RecordandoDepois da Copa do Mundo de 1958, o Botafogo veio a Fortaleza. Didi, Nilton Santos e Garrincha faziam parte do elenco, que tinha Paulo Amaral como preparador físico. Amaral era o mesmo que, após encerrada a partida final da Copa da Suécia, no Estádio Raasunda, tomara a bola do árbitro Maurice Guigue. No PV, no treino do Bota, o então garoto Cristiano Santos (hoje colaborador da coluna) comandou um coro, chamando de ´bunda de bebê´ o Paulo Amaral, pois este era totalmente careca. Amaral pulou o alambrado e foi tomar satisfações. Amaral levou sonora vaia.
"A Nação Tricolor sente-se orgulhosa com o Estádio Alcides Santos. Pequeno, mas acolhedor".
Orlando Patrício, torcedor do Fortaleza
Representante comercial