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Véspera de decisão

Além dos adversários naturais na competição, o Ceará tem enfrentado os fantasmas das inquietações internas. A quebra de uma sessão de treinos, por manifestação de alguns jogadores, é ato revelador de discrepâncias que exigem maior cuidado. Problema assim geralmente mexe com todo o grupo, já pela apreensão coletiva. Situação bastante delicada. Ficam as seqüelas, veladas ou não. Se ganhar do Icasa, as cicatrizes do desconforto de ontem serão apagadas. Se houver tropeço, imprevisíveis serão os desdobramentos em Porangabuçu. No primeiro momento da entrevista que concedeu à TV Diário, após as declarações de Sérgio Manoel, Eugênio Rabelo mostrou-se surpreso. Minutos depois, assumiu a postura de quem não iria transigir sob pressão. Verdade é que, ambiente assim, antes de jogo decisivo em busca de vaga, provoca fortes turbulências. Só uma vitória acalmará os ânimos.

Reencontro

No jogo de hoje, o reencontro do craque Clodoaldo com a torcida do Ceará. Agora, porém, ele com a camisa do Icasa, onde ganhou novamente a condição de ídolo. Clodoaldo vive outra vez bom momento, capaz de definir partidas em pouco tempo. O Baixinho é bom.

Imagem

A melhor contratação do Ceará, pelo menos até aqui, tem sido a de Cleisson. Desde o primeiro jogo, embora tenha o Ceará perdido para o Horizonte, Cleisson já ali mostrou vontade, espírito de luta e categoria. No jogos seguintes, consolidou sua imagem perante a torcida. Muito bom. Precisa apenas reduzir sua intimidade com os cartões.

Vibração

Faz quase 15 dias que o repórter Victor Hannover está em Juazeiro. Ele ficou impressionado com o entusiasmo em todo o Cariri com a campanha de seus representantes (Icasa, já classificado, e Guarani com chances). Hannover me informou que os goleiros Douglas e Deivid são festejados por onde andam. Realmente, os dois andam operando verdadeiros milagres.

Tempo

Sabe lá o que é ter Lúcio, Igor e Juninho Cearense à disposição? Privilégio de poucos treinadores. Silas Pereira tem um elenco excelente. Há, sim, o problema do cansaço no segundo tempo. Este, segundo opinião dos próprios tricolores, só será corrigido de vez com mais duas ou três semanas. Até lá, é administrar essa deficiência, mediante substituições na hora certa.

Análise

Quixadá, em seus domínios, sempre foi motivo de preocupação. Calculem no páreo? /// Ferrão quer distância da zona maldita; Guarani, com razões, só pensa no G-4./// Se o Uniclinic ganhar do Horizonte não será apenas a zebra da rodada senão a maior frustração do visitante.

Rodada

Escolher adversário, mediante derrota programada (ou empate também), não é novidade no futebol. Abaixo dou um exemplo de Copa do Mundo. Já quanto ao futebol cearense, no momento, pela disposição da tabela, não vejo como um time evitar este ou aquele adversário na fase final, a não ser que a coisa fique mais clara na 9ª rodada.

Estratégia

Airton Fontenele mostrou-me como na Copa de 1974, de forma estratégica, a Alemanha Ocidental perdeu para a Alemanha Oriental, quando um empate a deixaria em 1º lugar. Evitou ser a primeira e, com isso, livrou-se de pegar nas quartas-de-final Argentina, Brasil ou Holanda. Como segunda do grupo, a Alemanha Ocidental sabia que teria pela frente Iugoslávia, Polônia e Suécia. E deu-se bem.

Afirmação

Rogerinho aqui chegou de forma discreta. Eu o entrevistei no programa do Belmino. Rogerinho estava ao lado de Lucas. Como já frisei, Rogerinho se mostrou meio tímido. Em campo, porém, soltou-se de tal forma que não tenho dúvida ao afirmar ter sido ele uma das melhores contratações do Leão. Firmou-se mesmo.

Recordando

A terrinha aqui é boa. Quando de férias, cearenses, que foram ídolos nas décadas 50/60 e hoje moram no Rio de Janeiro, logo cuidam de rever familiares e amigos. Agora mesmo, o lateral-direito Zé Mário, campeão pelo Fortaleza em 1959 e que também brilhou na Seleção Cearense, está na casa da mão dele, dona Alfa Machado (Mocinha), na Gentilândia. Há alguns dias, quem aqui também esteve foi o notável Haroldo Castelo Branco, que brilhou no Fortaleza, Ceará e Seleção Cearense. Hoje, Haroldo presta serviços à Seleção Brasileira.

"Tudo que um árbitro não quer no seu trabalho é lance duvidoso no ultimo instante do jogo".

Fernando Soléra
Jornalista