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Enxurrada

Quantos jogadores foram contratados por Fortaleza e Ceará em 2007? Uma verdadeira enxurrada. Não sei o número exato, mas houve até ´importado´ que sequer entrou em campo. Examinando-se os erros e os acertos, a maioria não correspondeu. Dinheiro jogado pelo ralo. Reduziram sobremaneira as oportunidades aos atletas locais. O Fortaleza, quando subiu para a Série A sob o comando de Luís Carlos Cruz, tinha sete titulares cearenses. Este ano, mudou a filosofia. Não de hoje o Ceará comete o mesmo pecado. Não sou contra a vinda de valores de fora. O intercâmbio deve existir. Mas cuidado com os excessos. Há os ´mercadores´ que adoram empurrar retalhos nos clubes locais. Os resultados estão aí: Fortaleza e Ceará na segundona. Por mais incrível que pareça, há talentos cearenses encobertos pela cortina da discriminação. Um ´apartheid´ na sua própria terra. Pode?

Sacado

Exemplo concreto: o atacante cearense Clayton, mesmo na época sendo o maior artilheiro do Leão, foi sacado do baile porque errou conclusões num jogo da Copa do Brasil. Ele foi deixado de lado como se não tivesse valor. Preferiram trazer o Mezenga. Que equívoco!

Auto-estima

No lugar do apoio que merecia, posto que despontava, eis que tiraram de Clayton a auto-estima. Foi para o banco e depois até do banco foi retirado. Se tivesse vindo de fora, amparado por injustificável protecionismo, não teria saído. Mas, como era daqui da terrinha...

Exceção

Ainda bem que com Rogério foi diferente. Uma exceção. Também se Rogério, com aquela bola toda, fosse para o banco... Por mais paradoxal que pareça, jogador cearense para vencer aqui, na sua terra, tem mesmo de ser muito superior. Geralmente cai naquela de que santo de casa não obra milagre.

Um por ano

Será possível que, com tanta gente em ação, o futebol cearense revele apenas um jogador por ano? Estaremos tão pobres na preparação de atletas. Antes de Rogério, tinha sido o Amaral, vendido ao Palmeiras. Há valores, sim, mas as chances estão ficando cada vez mais reduzidas. Os próprios jovens estão ficando desiludidos.

Por aí

Vejam o caso de Vavá. Antes de chegar ao Ceará, teve primeiro de ser visto por Dacildo Mourão nos jogos do Horizonte na segundona. Há quanto tempo, Vavá atuava por aí? Quando mostrou qualidade, o choque de interesses de empresários acabou prejudicando o atleta.

Qualidade

Para 2008 os dirigentes de Ceará e Fortaleza devem ficar mais atentos. Nada de contratação no atacado. O critério tem de ser pensado e repensado. Gente demais, qualidade comprometida. Quantidade não resolve.

Importação

Houve jogadores que corresponderam de imediato. Caso de Paulo Isidoro no Fortaleza. Este valeu a pena. Notou-se a mudança para melhor desde seu primeiro jogo. O mesmo se pode dizer da importância de Sérgio Manoel no Ceará. A despeito da expulsão na estréia, Sérgio depois mostrou serviço.

Bons momentos

Jogador que se revelou líder, dentro e fora de campo: César, do Fortaleza. Tão bom que, de forma interina, dividiu com Jorge Veras a função de treinador. Ótimo o Erivélton, no Ceará, principalmente nos jogos finais, quando até se transformou em goleador. Não sou contra importações. Sou contra o exagero.

Goleador

William cresceu na reta final. Foi prejudicado pela demora no processo de sua recuperação física. Mas, quando se recompôs, danou-se a fazer gol de todo tipo. Contratação feita sob risco, mas que deu certo mesmo. William fechou o ano em alta. Basta conferir seus gols.

Emoção

No adeus a Pedro Basílio, a manifestação da mesma gente que o aplaudiu nos estádios. Ídolo não morre porque o talento se eterniza na lembrança de todas as gerações. O corpo do Pedro foi sepultado, não o legado que ele deixou para o futebol. O Pedro sempre será visto nas fotos e vídeos de todos os títulos que conquistou.



"Os dois jogadores têm qualidade. Tudo depende do momento."

Dunga, analisando os atacantes Afonso e Luís Fabiano
Técnico da Seleção Brasileira