Faltou ousadiaCom um pouco mais de ousadia, Fortaleza e Ceará poderiam ter alcançado a Série A. Com todos os percalços, o Leão chegou aos 53 pontos, podendo alcançar 56 na última rodada. Deixou fugir nos pequenos detalhes o que lhe poderia ter favorecido na contagem final. O mesmo se pode dizer do Ceará, que chegou aos 50 pontos. Deixou escapar nos últimos minutos vitórias praticamente certas. Mil oscilações. O Fortaleza, deslumbrante como na Vitória sobre o líder Coritiba, mambembe como na derrota para o lanterna Ituano; esplendoroso como no triunfo diante do Vitória, irreconhecível como diante do Santo André e do Remo. O Ceará ganhou confiança com Heriberto da Cunha e até ficou com o G-4 à vista. Mas estragou tudo cometendo erros inaceitáveis nos instantes finais. Resta a lição. Também as decisões confusas dos dirigentes das duas equipes prejudicaram. Há necessidade de rápida correção de rumo.
Exemplo
A maneira como o técnico Marco Aurélio saiu, após ter a garantia de que seu contrato seria de longo prazo, não foi explicada até hoje. A passagem relâmpago de Amauri Knevitz também deixou a impressão de que havia conflito de comando no Leão. Isso foi ruim.
InstabilidadeO próprio treinador Zetti teve seu nome questionado num momento grave da competição. Situação que, em certo instante, tornou-se constrangedora. Somente após seguidas vitórias ele retomou a confiança e transmitiu entusiasmo até ao presidente Desidério, que antes já se declarara desiludido. Todas essas situações mostravam instabilidade interna perfeitamente evitáveis.
Campanhas
O plantonista da Rádio Verdes Mares, Paulo Rodrigues, fez uma análise comparativa entre as campanhas dos dois técnicos do Leão, Marco Aurélio e Zetti. A diferença é proporcional como os números mostram. Marco Aurélio comandou o time em 27 partidas (oito vitórias, 10 empates, nove derrotas). Zetti comandou o Leão em 21 jogos (nove vitórias, três empates, nove derrotas).
EpisódiosAlguns desses fatos aqui lembrados são para mostrar o que deverá ser evitado em 2008 no Pici. A própria união do alto comando precisa ficar mais explícita. Como Luís Rolim Filho dizia na década de 60 e ainda hoje repete com toda lucidez: ´Quando o Fortaleza está unido na cúpula, dificilmente deixa de alcançar seus objetivos´.
AlteraçõesNo Ceará houve também situações constrangedoras. O técnico Heriberto da Cunha se viu obrigado a desabafar contra a falta de assistência, inclusive denunciando a ausência de médico em algumas viagens do alvinegro. Na época, o ambiente ficou azedo em Porangabuçu.
Carta
Outro fator marcante: a denúncia feita através de carta anônima que terminou por motivar a renúncia do presidente em exercício, médico Henrique César. Diante do caso, o então licenciado, Eugênio Rabelo, teve de reassumir, tal o desarranjo havido a partir daí.
VermeNão parou aí a série de inconveniências em Porangabuçu. Heriberto denunciou a existência de um verme que havia dentro do Ceará, trabalhando contra os interesses do próprio alvinegro. O erro de Heriberto foi não declinar o nome desse verme.
LamentávelNos pequenos detalhes, observa-se que faltou união completa tanto no Ceará quanto no Fortaleza. Quer queiram, quer não, um ranço aqui, uma vaidade acolá, Lamentável.
Sucessão
O Ceará se prepara, visando a alterações no alto comando. O dirigente, Castelinho Carmurça, esteve no Debate Bola e tranqüilizou a família alvinegra. Disse que o tudo está sendo tratado com muito critério, até para não ferir susceptibilidades. Mas, pelo que observei, o assunto exigirá muito jogo de cintura do amigo Castelinho.
RecordandoO futebol de salão está no auge. Volto ao tempo em que trabalhei na Rádio Uirapuru na década de 60. A seleção cearense de futebol de salão (nem chamavam ainda de futsal) disputou com Minas Gerais a final do Campeonato Brasileiro. Narrei direto do Ginásio do Sesc na Praça São Sebastião. Estava superlotado. O time cearense ganhou o título. Uma apoteose. Lembro demais do show que deram Plácido (que goleiraço!), Zé Frota, Luciano Frota, Fernandinho, Zé Milton (Pelé do futebol de Salão). Foi a primeira decisão de futsal que narrei na minha vida profissional. Inesquecível.
"Que isso sirva de lição e que o Santa Cruz possa ter um recomeço diferente".
Adriano, lamentando o rebaixamento para a Série C
Zagueiro