Porta larga
Quem perder o clássico de hoje no Castelão não estará eliminado, mas verá sua situação bastante complicada na Série B. Se o Fortaleza for derrotado, terá o espectro do rebaixamento ampliando sua sombra sobre o Pici. Se derrotado for o Ceará, a sombra maldita ficará muito próxima de Porangabuçu. As conseqüências por não terem acumulado melhor pontuação no turno só agora começam a ser vistas. Daí a necessidade de vitória hoje. Se o Ceará ganhar três pontos, ficará numa posição animadora com relação ao G-4. Se perder, a proximidade da zona o incomodará. Na atual Série B, é estreita a margem entre o céu e o inferno. Lembrei até de uma passagem do Sermão da Montanha onde está escrito: ´É larga a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição´. Na Série B nacional, também larga é a porta que conduz ao rebaixamento. Basta um vacilo para o fantasma da degola aparecer com seus espantos.
AusênciaO zagueiro César, que está fora do jogo clássico de hoje, é um desfalque significativo no time do Fortaleza. César exerce grande liderança em campo. Referencial tão importante que até a função de treinador exerceu interinamente ao lado de Jorge Veras.
ParedãoAdilson tem crédito. Depois de alguns momentos onde reconheceu falhas cometidas, retomou o período de defesas monumentais. Já agora lembra o grande período do certame estadual, quando eleito o melhor da competição. Num clássico como o de hoje, a experiência de um goleiro assim vale muito. Continua sendo disparado o melhor do Estado.
Resposta
Independente do resultado do jogo de hoje, o foco da torcida tricolor estará com certeza nos três jogadores de quem ela espera partir a retomada do Leão: Rogerinho, Léo e Simão. Quanto a Rogerinho, este já deu a resposta em campo no empate diante da Ponte Preta. Rogerinho foi que comandou a reação tricolor, inclusive assinalando o gol do empate.
MistérioEmbora discorde dos mistérios criados em torno das escalações, respeito a opinião dos treinadores que optam por esconder a definição de suas equipes. No meu entendimento, importante não é a formação que inicia a partida, mas a adaptação desta às circunstâncias do jogo. Nisso consiste a competência do treinador, mais até do que escolher o grupo que iniciará a partida.
RetornoPor mais paradoxal que pareça, é na ausência que mais se nota a importância de um jogador. Explico: é na ausência que a presença é sentida e, muitas vezes, reclamada. Veja o caso de Arlindo Maracanã. No jogo passado, diante da Portuguesa, como foi lembrado o futebol de Arlindo. Há quem diga que, se Maracanã tivesse atuado no passado, o Ceará teria conquistado a vitória. Argumento procedente.
ArbitragemAlmeida filho foi alvo de comentários desfavoráveis, mormente porque não foi bem no teste da Comissão Nacional de Arbitragem. Caberá a ele dar a resposta aos que criticaram sua escalação. Em momentos assim é que os bons árbitros se superam.
VândalosTaí mais um clássico. Esquema de segurança montado. Providências contra a venda de bebida alcoólica no estádio. Enfim, todo um aparato estudado. Estratégia montada para inibir a ação dos vândalos que danificam o estádio, quebram os ônibus e assaltam os torcedores. Mas só amanhã, no balanço geral, será possível avaliar se a polícia foi capaz de conter a sanha dos vagabundos.
RetornoA pior bobagem feita pelo Fortaleza foi afastar Simão por alguns jogos. Seu retorno é o reconhecimento de que o talento se impõe. E Simão soube se impor. Não hesito ao afirmar que, no momento, ele é o melhor jogador em ação no futebol cearense. Tipo do atleta que pode e tem potencial para decidir grandes clássicos.
RecordandoQuem lembra do ponta-esquerda Alísio, que, na década de 70, brilhou no Ferroviário, Fortaleza e Calouros? Ele foi formado na ´Escolinha do Moésio Gomes´ na década de 60, ao lado de Mano, Louro, Miro, Iá, Ivan Frota, Mário César e Fontoura, dentre outros. Sagrou-se campeão profissional cearense pelo Ferroviário em 1970. Uma das formações do ataque coral: Mano, Paulo Veloso, Amilton Melo, Edmar e Alísio. Na decisão de 1970, diante do Guarany de Sobral, o Ferrão ganhou (3 a 1), com gols de Alísio e Amilton Melo (2). (Colaboração de Wagner das Graças Monteiro, do Idace).
'É uma recuperação um pouco mais longa do que o previsto".
Marc Martens, sobre a contusão de Ronaldo Nazário
Cirurgião belga