Turbulências
Difícil momento passa o Fortaleza. Desarranjos dentro e fora de campo. O CRB que nada tinha a ver com isso, fez a parte que lhe cabia: esperou o Leão e montou contra-ataques. Deu-se bem. Enquanto o Fortaleza pecava pela pressa e afobação, o time alagoano fez dois gols. O de Júnior Amorim (1 a 0) assustou ; o de Luís Gustavo (um golaço), deixou o Leão em pânico. Pensou-se em reação tricolor quando Ataliba foi expulso. Com um jogador a mais, a impressão de que o Fortaleza conseguiria reverter o quadro. Até diminuiu com gol de César (2 a 1), que cobrou pênalti duvidoso em Rinaldo. Teve tudo para mudar a feição do jogo na fase final. Não mudou. Chances perdidas por Ígor e Rinaldo. Destaque para o goleiro Jefferson que fez importantes defesas. O Fortaleza decepcionou por não romper o bloqueio alagoano. O Fortaleza decepcionou porque apático. As vaias no final foram apenas conseqüência.
SeguroA vitória do CRB foi justa, construída com inteligência. Utilizou bem as armas disponíveis: boa proteção na frente da área, tendo Amorim e Nicássio nos contra-ataques. Mesmo com Ataliba expulso ainda no primeiro tempo, o CRB soube neutralizar as ofensivas tricolores.
Presidente
Mário Degésio, a despeito da idade, tem dado sua contribuição importante como presidente da FCF. A sua equipe de assessores é boa. Mário aprendeu muita coisa com seu antecessor, Fares Lopes. E há se mostrado com equilíbrio, sabendo recuar quando advertido sobre algum problema mais sério, e sabendo manter posições, quando convicto a respeito de um assunto. É hábil ao contornar situações difíceis. Isso é bom.
Ponto importanteÓtimo resultado obteve o Ceará em Criciúma: 0 a 0. Ganhou um ponto na casa do líder. Quanto à produção, o alvinegro jogou fechado. Em certos momentos, desprezou até a iniciativa de algum contra-ataque. E ficou encurralado. Sofreu todo tipo de pressão. É assim mesmo. Valeu.
DestaqueAdilson foi o grande destaque do jogo em Criciúma. Responsável mesmo pelo bom resultado alvinegro. Fez notáveis defesas. A principal delas, numa conclusão de Kelson. Ali, nos momentos decisivos, ele provou o quanto é importante um goleiro experiente, maduro, tranqüilo. E passou segurança aos companheiros de defesa que se estiveram igualmente bem na reta final.
TempoPara montar uma equipe de futebol, há todo um trabalho continuado, meses seguidos. Para desmontá-lo, basta um ato impensado. Por isso, o dirigente precisa ter serenidade muito grande na hora dos mais graves desafios. É exatamente aí onde o presidente de um clube se mostra realmente preparado para o cargo. Longe das turbulências, é muito fácil comandar.
DiferençaA primeira providência que um presidente de clube deve tomar é deixar de lado a paixão própria dos torcedores. Corre o risco de errar na avaliação ou percepção dos fatos quem, movido pela cegueira da paixão, decide alguma coisa. Cuidado também com o instituto da ´corda´ que tem conduzido muita gente a graves equívocos e, não raro, a inimizades ferrenhas.
HolofotesNem sempre é fácil o relacionamento entre dirigentes e ídolos. Estes aparecem mais que aqueles. Se o dirigente quiser na ribalta o espaço destinado aos ídolos, terminará confundindo os papéis. Dirigente é para trabalhar nos bastidores; os jogadores, sob a luz dos refletores. Cada um no seu lugar.
RecordandoStênio, jogador versátil que brilhou no Maguari (bicampeão cearense (1943/44), no Fortaleza (bicampeão 1946/47) no Gentilândia (1949), na Seleção Cearense (1943) e no Botafogo do Rio (1944). Na semana passada, morreu sua esposa, Zeneida Romero do Valle, que tinha 84 anos de idade. (Do álbum de Stélio Valle).
InversãoGosto muito das competições automobilísticas. Mas a Fórmula Um de hoje não me traz as emoções das décadas 60/70, onde o piloto valia mais que a máquina. Assim foi Jim Clark, fenomenal escocês voador, que teve como sucessor um outro escocês, Jackie Stewart. Antigamente, no meu entendimento, os pilotos é que faziam os carros campeões. Hoje, pela alta tecnologia, os carros fazem campeões os pilotos. O avanço científico inverteu a situação. Enquanto não houver pelo menos cinco equipes em igualdade de condições, a F-1 não retomará o charme das primeiras décadas.
"Nunca vi uma coisa dessa na minha vida de tantos anos de futebol".
Alexandre Barroso, criticando a arbitragem de Antonio Hora Filho
Técnico do CRB