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Anestesia

É ouro. Tantas modalidades, tantas conquistas. Mas, como já disse, faço restrições ao exagero de narradores que querem mostrar falsas realidades. Merecem aplausos e elogios, sim, os jovens que optam pela vida saudável nos esportes e alcançam o pódio, quer nas competições nacionais, quer nas internacionais. Só não gosto quando os patrões do ufanismo programado tentam desviar o foco das chagas nacionais como se o ouro das competições traduzisse a prosperidade plena do Brasil. Quando tudo permanece nos limites da gloria esportiva eu gosto. Mas repudio quando exagerados locutores querem anestesiar parte do povo brasileiro.

Avanços

As conquistas no esporte são importantes. Refletem avanços nas pesquisas e técnicas. E robustecem a imagem do país no plano internacional. Problema é quando usam essas conquistas para escamotear verdades ou esconder equívocos nacionais.

Ginasta

Há países que exageram no uso do esporte como meio para encobrir mazelas de seus regimes. Uma das maiores vítimas desse tipo de expediente foi a ginasta romena Nadia Comaneci. Sofreu terríveis perseguições, apesar de, ainda menina, ter conquistado o mundo.

Asilo

Na Olimpíada de 1976 (Montreal), Nadia Comaneci, apenas com 14 anos, encantou o mundo (três ouro, uma prata e um bronze). Em 1980 (Moscou), dois ouro e duas prata. Em 1989, Comaneci teve de fugir do regime comunista de Nicolae Ceaucescu. Pediu asilo político nos Estados Unidos, onde mora até hoje.

Interesse

Outros fatos semelhantes de perseguição ou uso de atletas em razão de interesses políticos poderiam ser citados. Mas fico apenas com o exemplo de Nádia Comaneci. Quero com isso apenas mostrar o zelo que se deve ter na observação dos fatos esportivos, não deixando que a grandeza das conquistas sirva para outros fins.

Desbastar

No Brasil de hoje não noto o uso do esporte para interesse político senão de modo aceitável, compreensível. Mas Cabe ao telespectador desbastar os exageros que alguns cronistas teimam em usar nos veículos a que servem.

Polêmica

Até que ponto técnicos de fora podem significar certeza de ótimos resultados? Taí assunto polêmico. Há os defensores intransigentes de nomes famosos vindo do Sul/Sudeste, de preferência que tenham trabalhado nos grandes clubes do Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul.

Êxito

A favor dos que pensam assim há resultado palpável: o Fortaleza subiu para a Série A pelas mãos de Luís Carlos Cruz, vindo de Santa Catarina. Ele não treinara grandes equipes, mas veio do Sul. Deu certo. Depois, quando de outras passagens Luís Carlos Cruz já não mais alcançou o mesmo sucesso de antes.

Outro exemplo

Outro que fez o Leão subir para a Série A foi o técnico Zetti, ex-goleiro famoso. Deu certo. Mas também do Sul veio Márcio Araújo que levou o Fortaleza ao rebaixamento. E não foi cearense o técnico que rebaixou o Leão no ano passado.

Famosos

Quero crer que essa discriminação contra treinadores da terra ainda permanecerá por muito tempo. Mas é bom lembrar que técnicos famosos aqui desfilaram no Ceará e no Fortaleza e nada conseguiram, exceto os dois que subiram o Leão para a Série A. Os outros fracassaram.

Exigência

Importante que o futebol cearense não fique refém dessa exigência que obriga a importação de treinadores. Não sou contra a vinda deles. É útil o intercâmbio. Mas tudo é relativo. Se Marcelo Vilar tivesse tido qualificado elenco à sua disposição por certo ainda estaria no Ceará. Flávio Araújo, quem sabe...

"Cada um tem uma maneira de olhar as coisas. O treinador tem a dele".
Finazzi, após ser barrado por PC Carpegiani no Corinthians
Atacante, ex-Fortaleza