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Lugar no pódio

Muitas emoções. Narrei vitórias e fracassos. A vida com suas facetas. Futebol na minha área. Mais um ano chegando ao fim. Na bagagem para a Alemanha, ao lado de Paulo César Norões, Bosco Farias e Altenir Mossoró, levei esperanças. Pensei que iria repetir a narração do título mundial que fiz na Copa dos Estados Unidos em 1994. Desilusão. Zidane, Zidane. Bailou. Brasil dançou. Dos favoritos deste ano, só o São Paulo confirmou a condição: campeão brasileiro. No certame estadual, o favorito era o Fortaleza, mas o título ficou com o Ceará. No mundial de clubes, o favorito era o Barcelona, mas o título ficou com o Internacional/RS. É o futebol que, com seus segredos, conta a história nem sempre de acordo com a lógica senão pelos caprichos do destino. Ser favorito é uma coisa, ser campeão é outra bem diferente. Nem sempre favorito e campeão ocupam, ao mesmo tempo, o lugar mais alto do pódio.

Posições

Ano de goleio e atacante. Adilson e Reinaldo Aleluia. Cada um no seu papel. Aleluia afastado. Aleluia reintegrado. Aleluia campeão. Adilson afastado por Luís Carlos Cruz. Adilson reintegrado. Adilson campeão. Nesta parte, valeu mais o talento em campo.

Gente da terra

Iarley, o mais consagrado nome do futebol cearense. Bicampeão mundial de clubes. É história. Primeiro com a camisa 10, do Boca, de Maradona. E agora com o Internacional. Bandeira de Quixeramobim nas telinhas do mundo. Ligação telúrica elogiável. Amor á terra. Iarley do Ferroviário, do Quixadá, do Uniclinic, do Ceará.

Apelido

O lateral Ceará, campeão do mundo, assumiu o próprio nome do Estado onde nasceu. Ceará colado no Ronaldinho Gaúcho. O filho do Crato assombrando, marcando limpo, sem dar pancada em ninguém.

Três em um

Edglê não jogou a decisão pelo Inter em Tóquio, mas esteve lá. Edglê do Ferroviário. O cearense ficou ali, aguardando a ordem. Se convocado para a batalha final, também teria cumprindo sua parte. Três cearenses juntos no time campeão do mundo. Fantástico. Gente da terra. Tão cedo não acontecerá algo igual. Ano bom.

Números

O Airton Fontenele me manda o retrospecto da seleção principal do Brasil em 2006: 14 vitórias, um empate e uma derrota. Marcou 37 gols e sofreu apenas cinco. Saldo de 32 gols. Todos os jogos no exterior.

Saldo

Pelos números, um saldo positivo. Mas no aspecto de conquista, um autêntico fracasso. Que adiantou ganhar tanto, se perdeu exatamente o jogo em que estava obrigado a ganhar, ou seja, França 1 a 0 na Copa da Alemanha?

Técnicos

Este ano o Brasil teve dois treinadores: Carlos Alberto Parreira, de março a julho, com oito jogos, sete vitórias e a derrota para a França. E Dunga, de agosto a novembro, seis jogos cinco vitórias (uma expressiva por 3 a 0 sobre a Argentina em Londres) e um empate (1 a 1) com a Noruega em Oslo. Foram utilizados 42 jogadores, sendo dez estreantes. Com Dunga, novos caminhos.

Presença

Não foi só no Inter/RS que os cearenses marcaram presença. Veja o caso de Dudu que esteve presente nos seis jogos da Canarinho sob o comando de Dunga. O outro cearense, Jônatas, foi convocado para o amistoso com a Noruega, mas não jogou.

Conclusão

Com esses dados fornecidos pelo historiador Airton Fontenele, ficou fácil concluir que, para o Brasil, não obstante o saldo positivo, de nada valeu a estatística favorável se na Copa do Mundo o time teve participação vergonhosa, medíocre, nem de longe lembrando a magia do futebol pentacampeão. Fracasso mesmo.

"São poucos os que se preocupam com o que possa ocorrer na área da segurança."
Henrique Nicolini, sobre o Pan-2007 no Rio de Janeiro - colunista da Gazeta Esportiva.Net