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Carência de craques

O futebol cearense experimenta fase sem craques. Não há no momento sequer um jogador que possa fazer a diferença. A transição está demorada demais. O último que encantou pelo talento foi Clodoaldo, o Baixinho. Mas o auge de Clodoaldo passou. Ninguém o substituiu até hoje. Está vago o cargo de craque que ele deixou. Clodô ainda tem alguns lampejos. Apenas. O futebol precisa de ídolos. O Esporte precisa de ídolos. Não os que a mídia erroneamente tenta fabricar. Mas o ídolo nato, que saiba se impor pelas qualidades, não pelas manchetes encomendadas. Posso apontar alguns jogadores muito bons que aqui atuam; apontar um craque mesmo, de verdade, não dá.

Contemplação

A Série C merece mais atenção e respeito dos gestores. Foi inadmissível o longo tempo de paralisação. Os presidentes das federações poderiam ter sido mais incisivos. Os sindicatos dos jogadores também demoraram a tomar atitude contundente. A maioria assumiu postura contemplativa. E só depois resolveu reagir.

Expressão

Na Série C há seis times que já fizeram parte da Série A nacional: Fortaleza, Santa Cruz de Recife, Paysandu de Belém, Brasiliense, Vila Nova de Goiás e Santo André/SP. Portanto, equipes que não podem ser tratadas com indiferença. São expressões que em breve poderão estar de volta ao topo. É só esperar para ver.

Blindagem

Que lição se pode tirar da confusão havida com a Série C nacional? Para evitar futuros aborrecimentos semelhantes, os departamentos jurídicos das federações e da CBF deveriam realizar estudo avançado, no sentido de encontrar dispositivo legal capaz de blindar os certames contra paralisações. Não se pode admitir em vigor expediente que gera drama aos atletas e às suas famílias, sem que haja um amparo legal aos times e jogadores prejudicados. O estrago feito pela paralisação é irreparável. O futebol não mais comporta impedimentos dessa natureza.

Missão cumprida

O zagueiro Erivelton foi embora. Suportou, do alto de sua humildade e resignação, as injustiças que o futebol não raro produz. Há no Ceará algum zagueiro melhor que Erivelton? Não. Mas para ele foi melhor sair. A rejeição da comissão técnica era visível. Erivelton saiu com a certeza do dever cumprido. Com altivez e dignidade.

Todos os tempos

Zecândido, destacado atleta nas décadas 1930/1940, hoje com 90 anos, escalou o Ceará de todos os tempos: Pintado, Valdemar e Popo; Zuza, Damasceno e Babá; Gildo, Farnum, França, Hermenegildo e Mitotônio. Aliás, Zecândido chegou a ser chamado de "Farnumzinho", numa alusão ao grande ídolo da década de 1930.

"Passamos bem pelo Ypiranga. Temos atletas acostumados a ser campeões como Clodoaldo, Tarrafas, Dedé. Mas encaramos o Baraúnas com muito respeito mesmo".
Roberto Carlos
Técnico do Horizonte

Recordando. Cidao Futebol Clube. Sobral. 1954. A partir da esquerda (em pé): Tirisca, Eraldo, Burdão, Ataliba Mesquita, Chico Brilhantina e Muru. Na mesma ordem (agachados): Miguel Saboia, Nagibe Marques (brilhou e foi campeão pelo Fortaleza), Lelé (Damasceno), Bebeca Venuto e Edvando Venuto. (Acervo de Antonio Alves Mesquita, colaboração de Jáder Parente).