A vitória dos violentos"Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada". Esse trecho do poema de Eduardo Alves da Costa lembra o que está havendo no futebol daqui, onde as gangues dominam. Se continuar assim, em breve teremos clássico para nenhuma torcida. E não poderemos dizer nada.
Equipamento. Em 2011, a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, devolveu à cidade um PV bonito, modernizado. Um cenário para grandes clássicos e decisões. Mas a ameaça de violência pode transformar o PV num palco de única torcida. Lamentável.
Sentido contrárioNa minha avaliação, uma minoria comanda a violência. Uma minoria que, por mais paradoxal que pareça, demonstra ter mais força do que a maioria silenciosa. Esta a tudo assiste e recua. Na medida em que cede espaço, vai sendo levada de volta para casa.
AconchegoDaqui a pouco não mais haverá necessidade de estádios que serão substituídos por mínimos campos de futebol, sem arquibancada. Todo mundo, por medo das gangues, ficará no aconchego do lar, vendo os jogos pela televisão.
"Foi uma decisão pensada. Depois de reavaliarmos a situação, resolvemos fazer o clássico para uma torcida só"
Robinson de Castro
Vice-presidente do Ceará
Opinião
Respeito a opinião dos dirigentes que defendem o clássico para uma torcida só. Mas isso transformará o tradicional Ceará x Fortaleza no sepulcro de uma bela e encantadora história criada pelas próprias torcidas em quase 100 anos de competição.
Coreografia
Inesquecíveis espetáculos coreográficos fizeram as torcidas do Fortaleza e do Ceará em grandes decisões. No PV e/ou no Castelão, assisti a decisões com os estádios superlotados, tudo na mais perfeita ordem e segurança. Agora, esses novos tempos...
Comportamento
Hoje, os violentos intimidam a segurança; os baderneiros desafiam o aparelho policial; as pessoas de bem são enxotadas dos estádios ante a ameaça dos beligerantes. Daí as propostas de clássicos com uma só torcida. Os vândalos devem estar sorrindo...
Lembrete
Não sou o dono da verdade. Pode ser que estejam com a razão o comando da PM e o MP, quando sugerem que, por razões de segurança, não haja clássico para duas torcidas. Faço apenas uma indagação: não estarão sendo pusilânimes?
Recordando. Olha aí o famoso Mané Garrincha, bicampeão mundial pelo Brasil (1958/62), quando jogou pelo Oraria contra o Icasa no Romeirão na década de 1970. Mais de 30 mil pessoas viram o jogo. A partir da esquerda (em pé): ? , ? , Mário Tito, Pedro Paulo, Altivo e Mineiro. Agachados: o primeiro é Garrincha; o 3º, Roberto Pinto. (Acervo de Tarcísio Facundo).