A mais difícil das missões
O técnico Dimas Filgueiras tem agora a mais delicada, complicada e árdua tarefa de todas as que já recebeu do alto comando alvinegro. Verdade que já enfrentou outros desafios, mas este agora é superior a todos os demais, já pelos aspectos que passo a relatar. O primeiro deles, a exiguidade de tempo. O segundo, o mínimo número de jogos (apenas sete). O terceiro, a qualidade dos adversários, dois dos quais na luta direta pelo título, no caso, Fluminense e Corinthians. Além desses, times como Santos (na busca de aperfeiçoamento para a disputa do título mundial) e Grêmio, este dentro do Estádio Olímpico. Contas diretas a ajustar com o Avaí, Cruzeiro e Bahia, que estão na faixa do desespero. Síntese: pedras pontiagudas e cacos de vidros numa estrada íngreme a ser escalada em tempo recorde. Este é, sim, o maior desafio da vida do treinador. Boa sorte, amigo.
Diferença brutalNo ano passado, Dimas assumiu na 21ª rodada, após o Ceará perder para o Fluminense no Rio (3 x 1). Faltavam, portanto,17 rodadas para terminar o certame. O Ceará estava na 11ª colocação, com 25 pontos, bem distante da zona de rebaixamento. Situação diferente de hoje. Agora, Dimas assume o cargo, faltando apenas sete rodadas para terminar. E pega o time na zona maldita, com 32 pontos. Diferença brutal, só com pedreira pela frente.
Abraçou a causa
Dimas teve mesmo muita coragem e desprendimento para encarar o atual momento. Nem todo treinador quer passar pelo risco de ter no currículo o rebaixamento de uma equipe. Dimas assumiu o risco, embora reconhecendo as adversidades. Se salvar o Ceará, mais uma vez será reconhecido como herói. Se não lograr êxito, certamente sofrerá as agruras decorrentes de insucesso assim. Mas Dimas é um homem de fé. Abraçou a causa. A ele, pois, todo apoio e respeito.
As vantagens do companheirismo
É notória a boa convivência que Dimas tem com os atletas. Sempre foi assim. Ele sabe o jeito de ser dos boleiros. Há uma espécie de companheirismo que Dimas adota, sem perder a autoridade. Lembro que Mário Sérgio havia afastado um grupo. Assim que Dimas assumiu, a primeira providência foi mandar reintegrar os que Mário tinha afastado. Dimas é da concórdia. Não é de afastar jogadores a não ser em situações graves, irreversíveis. Aí sabe ser duro, como já mostrou. Esta última cartada da diretoria pode até não dar certo porque tomada em cima da hora, no sufoco. Mas qualquer outro técnico que viesse de fora sequer teria tempo de ser apresentado. A decisão foi coerente.
Recordando
1968. Pelé no PV. Esta foto pertence ao meu amigo Luiz Paes, ex-zagueirodo Ferroviário. Ele enfrentou o "Rei" e cumpriu bem a tarefa. No primeiro plano, a partir da esquerda: Pelé, o zagueiro Gomes e o zagueiro Luiz Paes participam da jogada. Mais à distância, ao fundo, aparece o famoso meia Coca-Cola. O jogo terminou empatado (0 a 0). Observem o PV lotado. Bons tempos do Ferrão.
Pressão política do Sul/Sudeste
A turma Sul/Sudeste na bronca ao ver Fortaleza contemplada com a Copa das Confederações e jogos importantes da Canarinho. Há políticos de lá pressionando, visando a alterar a decisão. Querem que o Brasil atue mais no Maracanã. Mas o secretário da Copa, Ferruccio Feitosa, garante que não há força política capaz de alterar o que a Fifa decidiu. Ótimo.