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Legenda: Osvaldo
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Tristeza e apreensão

Há todos os motivos para a torcida do Ceará exteriorizar preocupação. A sucessão de tropeços vai minando os nervos do grupo. O Ceará não tem mais a confiança de antigamente. É um time assustado. No primeiro tempo de sábado, o Flamengo foi melhor e merecia até um placar mais folgado. Thiago Neves mandou bola na trave, Fernando Henrique fez milagre com o pé numa conclusão de Deivid e Alex perdeu um gol só ele e a trave. O Ceará sequer incomodou, resumido a firulas de Osvaldo. Na fase final, o futebol do Flamengo sumiu com a expulsão de Ronaldinho. O Ceará apertou, pressionou, mas esbarrou nos erros de sempre. Desperdiçou as poucas chances criadas, uma com Washington e outra com Osvaldo. Pelo segundo tempo, o alvinegro até merecia um empate. Mas nem isso soube alcançar. Tome tristeza. Tome apreensão.

Sem ele

Osvaldo é acusado de ser individualista, egoista, por abusar das firulas, prendendo demais a bola. Há necessidade, sim, de o jogador se desprender desse espírito. Mas, para isso, será necessário que os demais jogadores do Ceará procurem acompanhá-lo. Na maioria das vezes, Osvaldo não tem alguém por perto para apoiá-lo. Aí ele insiste nos dribles. Sem Osvaldo no próximo jogo, o Ceará terá de buscar outro meio de ação. Às vezes, em situações assim, surgem surpresas.

Desilusão, mais uma

No início do lance que resultou no gol do Flamengo, havia cinco jogadores do Ceará e apenas dois do rubro-negro carioca. Só depois, na hora da conclusão, chegou o terceiro homem flamenguista. Ainda assim, Deivid fez o gol. Vicente falhou na origem do lance e o goleiro Fernando Henrique falhou na terminação da jogada. Mas Fernando Henrique tem crédito. Ele já salvou de muitos vexames o Ceará. Agora é buscar forças para superar as futuras adversidades. Tudo complicou. Pior é que o time não dá sinais de retomada. Falta uma liderança em campo. Imaginei que depois daquele heroico empate com o Atlético em Minas, o time retomaria a confiança. Não retomou. Desilusão, mais uma.

Um cinturão diferente

Aí estão Heleno, Careca, João Marcos e Michel. O cinturão de ferro, que prefiro chamar de cinturão de concreto, vez por outra perde um titular. Contra o Figueirense, João Marcos ficou fora. Contra o Atlético/PR, domingo próximo, será a vez de Heleno sobrar porque cumpre punição. Outra oportunidade terá Careca, o mais adaptado às circunstâncias.

Paradoxo

Se analisado o confronto direto entre Ceará e Flamengo este ano, os dois times ficaram exatamente iguais. O Ceará ganhou um jogo, empatou dois e perdeu um. O Flamengo também ganhou um, empatou dois e perdeu um. Cada time ganhou uma fora, somou 5 pontos, marcou 5 gols e sofreu 5 gols. Claro, envolvendo jogos da Copa do Brasil e Série A. Paradoxo da história: na "A" o Mengo luta pelo título; o Ceará luta contra o rebaixamento. Pode?

Crença e descrença

Após a derrota para o Flamengo, observei bem dividida a torcida alvinegra. Há os que já enrolaram a bandeira, não mais acreditando em reação, máxime pelos obstáculos e adversários. E há os que ainda procuram manter a esperança, mesmo que ínfima, em vista também das dificuldades e adversários que os concorrentes da parte baixa igualmente terão. Só uma coisa é certa: todos terão sofrimento até o fim, ou seja, até a última rodada. Haja sufoco!

Recordando

1957. Time do América. A partir da esquerda (em pé): Ari, Merci, Jaime, Barbosa, Marinheiro e Maciel. Na mesma ordem (agachados): Zeca, Alencar, Valdeci, Airton e Fernandinho. Detalhes: Alencar, anos depois, brilhou no Fortaleza, Bahia e Palmeiras/SP. Fernandinho foi ídolo e também campeão brasileiro de futsal pela Seleção Cearense. (Colaboração do ex-jogador Ari, o primeiro à esquerda, em pé).