Lágrimas e aplausos na despedida do Leão

No futebol, a glória e o infortúnio andam muito próximos. E podem mudar de lado numa fração de segundo. A poucos minutos do fim do jogo, com a vantagem de 2 a 0 sobre o Independiente, o Fortaleza estava de braços dados com a classificação. A torcida já antevia a apoteose da passagem. Marlon, o herói com seu gol histórico. Ceni, o técnico das soluções imprevisíveis. Eis que a sorte resolve mudar de lado. Traiçoeiramente, abandona os brasileiros e assume a nacionalidade argentina. Arma a cilada com Velasco e concretiza o golpe letal com Bustos. O sonho do Fortaleza chegara ao fim. Mas no íntimo dos corações tricolores de aço uma certeza: o time fizera bonito na competição. O reconhecimento levou a torcida a aplaudir de pé os seus guerreiros. Os sorrisos, que tinham sido substituídos pelas lágrimas, recuperaram seus espaços. Assim, a briosa equipe do Fortaleza, apesar da terrível frustração, saiu de campo carregando na alma e na mente o sentimento do dever cumprido. Ao despedir-se da Copa Sul-Americana, numa passagem efêmera de dois jogos, a lição final: a glória e o infortúnio andam muito próximos. Um deslize é fatal.

Retorno Alvinegro

O Ceará enfrenta o Guarany logo mais no PV. Depois do empate (2 x 2) com o Botafogo-PB pela Copa do Nordeste, o quinto seguido do alvinegro, ampliou-se a inquietação da torcida. O Vozão segue em busca de uma identidade. Por enquanto permanece um time amorfo. Isso tem dificultado o trabalho do próprio grupo.

Esforço

O técnico do Ceará, Enderson Moreira, tem feito todas as experiências possíveis, visando a definir bem suas propostas de jogo. Não tem encontrado, porém, a resposta desejada, ou seja, a de um time com filosofia de jogo bem delineada, com as devidas alternativas. No papel, tudo bem. Na prática, as dificuldades.

Liderança

O Guarany-S é líder, resultado do belo trabalho de um time que tem Mauro, Ciel, Patuta, Siloé, Esquerdinha. Se o Ceará ganhar, assumirá provisoriamente a liderança, pois chegará aos 10 pontos. Se assim for, aliviará as tensões em Porangabuçu. Um empate ou derrota do Ceará gerará um ambiente mais desconfortável. Jejum de vitórias incomoda mesmo.

Mais uma vez Osvaldo, atacante do Fortaleza, deu um show de bola diante dos argentinos. Com velocidade e dribles curtos, levou pânico aos defensores do Independiente. Nos dois jogos pela Copa Sul-Americana, ele brilhou mais que todos os companheiros. Excelente fase. Parabéns.

Nos dez minutos finais, quando o Fortaleza ganhava do Independiente por 2 a 0 e garantia a sua passagem, faltou ao Leão, em campo, o líder para "acabar" o jogo; o xerife para colocar a bola sob o braço e segurar o resultado; o capitão com autoridade moral para ter deixado os argentinos na prostração em que se encontravam.