Ídolos: uns lembrados, outros esquecidos

Na falta de futebol no presente, vamos passeando pelo passado, ora tão distante, ora nem tão distante assim. Os tempos são diferentes no tratamento dos jogadores notáveis. Hoje, há craques milionários que nadam em dinheiro, mergulhados em fortunas incalculáveis. Já os craques das décadas de 1950 e 1960 não tiveram as mesmas oportunidades de enriquecimento. Um jogador notável, que conheci em fim de carreira, foi o atacante Pipiu. Seu nome completo: Eupídio Ciríaco da Silva. Baixinho: 1.65. Muito habilidoso e goleador. Era baiano de Ilhéus. Brilhara no Bahia. Veio para o Fortaleza em 1947. Em 1950 estava no Ceará. Ganhou títulos estaduais pelos dois. Foi também titular da Seleção Cearense, campeã do Norte em 1954. Em 1956, sagrou-se campeão cearense pelo Gentilândia, seu último título. Pelo futebol que Pipiu jogava, certamente hoje garantiria respeitável patrimônio. Na época, porém, após encerrar a carreira, passou a ser sapateiro. Pipiu vivenciou todas as glórias em campo. Depois, passou por muitas dificuldades. Seu filho, atacante Raimundo Pipiu, jogou no Ceará no fim da década de 1960.

Souberam fazer

Os zagueiros Alexandre Nepomuceno e Zé Paulo foram, respectivamente, ídolos do Ceará e do Fortaleza na década de 1960. Alexandre, o Grande Capitão, também venceu na vida como empresário. Zé Paulo concluiu o curso de Educação Física. Passou a ensinar. Prepararam-se para encarar a vida depois de encerrarem suas carreiras.

Simples

Croinha, ídolo do Fortaleza na década de 1960, era notável goleador. Rapaz simples. Pessoa muito boa. Quando encerrou a carreira, passou os apertos de quem não se preparara para o novo momento. Foi guarda municipal, que na época tinha salário baixo. Se nos tempos de hoje, Croinha teria feito um bom patrimônio.

Conclusão

Os ídolos permanecem para sempre na galeria especial dos corações. Não importa se fizeram fortuna ou não. O torcedor emoldura os feitos notáveis dos atletas e os coloca nas exposições da memória, ainda que esta, com o tempo, possa sofrer alguma falha. A reverência ao ídolo é sinal de agradecimento.

Hoje, os ídolos geralmente são bem orientados pelos empresários e procuradores que cuidam de zelar pelo atleta. De certo modo, isso é bom. Embora haja procuradores inescrupulosos, que tiram o máximo de proveito, a maioria tem bons propósitos.

Há ídolos que, embora tenham orientadores bons, derivam para atitudes erradas. Agora mesmo, temos o caso de Ronaldinho Gaúcho, preso lá no Paraguai, levou um desconforto terrível a quem, há algum tempo, conquistara os aplausos do mundo. Situação lamentável.