Futebol cearense em tempo de folia

 

Turbilhão é o nome de uma música carnavalesca que fez sucesso na voz de Moacir Franco em 1978. "A nossa vida é um Carnaval. A gente brinca escondendo a dor", diz um trecho dessa marcha-rancho de Victor Simon e David Raw. O futebol não é um Carnaval, mas tem profundas ligações com esse evento. Certas vitórias viram autênticos carnavais fora de época. Houve Carnaval no Rio de Janeiro no dia 29 de junho de 1958, quando a Seleção Brasileira ganhou seu primeiro título mundial. E não apenas no Rio, mas no Brasil inteiro. Assim também nos títulos mundiais de 1962, 1970, 1994 e 2002. Hoje é Carnaval. Sábado Gordo. Mas tem futebol, sim. No Castelão, 16h30, o Ceará enfrenta o Caucaia. No PV, às 16 horas, Atlético x Barbalha. Campeonato Cearense. Quer queiram, quer não, nesse período as atenções maiores vão para as festas de momo. O futebol entra como brincante secundário. Nos grandes títulos ficam invertidas as posições: o futebol ocupa os primeiros espaços e o Carnaval vem depois como consequência. Após os jogos de hoje, aí só na Quarta-Feira de Cinzas. "A nossa vida é um Carnaval, a gente brinca escondendo a dor".

Carnavalesco

O autor do Hino do Fortaleza, saudoso Jackson de Carvalho, compunha músicas para os carnavais promovidos na sede social do Fortaleza, máxime na década de 1970. Foi nesse tempo que ele compôs "O Charuto do Rolim", em homenagem ao velho guerreiro tricolor, Luís Rolim Filho. As novas gerações de tricolores deveriam cuidar da preservação da memória desses dois torcedores.

No Romeu

Luís Rolim Filho, famoso torcedor e diretor do Fortaleza, após promover muitos carnavais na sede social do Leão, no Pici, passou a promover carnavais no clube Romeu Martins e na Vila União. A torcida tricolor se engajava. Hoje, tudo ficou no esquecimento.

Charanga

Ficou famosa, nas décadas de 1960 e 1970, a Charanga do Gumercindo. Apesar de ser tricolor, o Gumercindo Gondim apoiava também outros clubes cearenses nos jogos interestaduais. Nos desfiles de Carnaval, na época na Avenida Duque de Caxias, a Charanga representava o Fortaleza. Gumercindo morreu em 1985, no dia do aniversário do Fortaleza.

O futebol cearense tem o privilégio de contar com o pesquisador Eugênio Fonseca. Com Thiago Eloi e Dorreland Ponte, escreveu o livro "Clássico-Rei Centenário", lançado recentemente. Eugênio tem outros notáveis trabalhos, todos cuidando da preservação do futebol cearense. Parabéns.

Lamentavelmente,

Os clubes de futebol não têm mais as festas carnavalescas que há alguns anos eram oferecidas aos seus associados. As mais badalas eram as do Fortaleza e as do América. Reconheço que os tempos de hoje são outros, não havendo mais condição para voltar a tal prática. Mas fica o lamento assim mesmo.