Futebol: as transmissões externas que não chegaram

Ontem expliquei como era difícil fazer transmissões externas de futebol nas décadas de 1950 e 1960. Tudo dependia das ondas curtas ou das ondas tropicais das emissoras de rádio de outros estados. A propagação dessas ondas variava de acordo com o horário. Se à noite, melhor. Se à tarde, mais difícil. Melhorava depois das 17 horas. Não havia som limpo. O chiado fazia parte. Então, era apostar na sorte. Eu fiz duas transmissões de futebol que até hoje não chegaram a Fortaleza. Gastei minha voz, falando em vão. Uma foi direto do Estádio Juvenal Lamartine em Natal. Na época a Rádio Rural chegava bem aqui. Mas houve um problema no dia do jogo. Não captaram o sinal aqui em Fortaleza. Que decepção quando cheguei ao hotel e fui informado do fracasso. A outra transmissão foi direto de Belém no Pará. Lembro que tinha de fazer uma ponte com uma emissora de Santarém no Pará. Não deu certo. Novamente, quando cheguei ao hotel, um cabograma me dava conta do fracasso. Pense na frustração. Eu falara ao vento um jogo inteiro para nada. Um retorno frustrante, trazendo na bagagem a decepção. Além disso, a gozação dos companheiros. Doía a raiva.

Inovação

Para fugir dessa dependência de ter que usar as ondas curtas de coirmãs, muitas emissoras compraram um equipamento chamado SSB. Foi uma alternativa. Dava um bom sinal. Mas não era totalmente confiável. Alguns colegas perderam transmissões por problemas nesse equipamento que, na verdade, era um transmissor.

Embratel

Com a chegada da Embratel acabou a dependência que se tinha das ondas curtas e do SSB. Quando a emissora contratava os serviços da Embratel, esta cuidava da instalação das linhas de transmissão e dava a assistência com os seus técnicos. Tempos depois, nem mais precisava dos técnicos. O próprio locutor fazia as conexões TX e TY. Som local.

Facilidades

Hoje os avanços permitem todo tipo de comunicação, pouco importando as distâncias. O celular passou a ser instrumento usado para transmissões nacionais e internacionais. Você sabe na hora se sons e imagens estão perfeitos. Percorri todo o caminho, desde as dificuldades dos primeiros tempos às facilidades de agora.

Eu tenho saudades dos tempos de ouro do rádio nas transmissões interestaduais, nacionais e internacionais. Não havia off tube. A equipe viajava completa, com narrador, comentarista e repórter. Pela narração, o torcedor no imaginário via a partida, sujeita, às vezes, aos exageros da empolgação dos cronistas.

Percorri o Brasil. Fiz coberturas do Amazonas ao Rio Grande do Sul. Nacional (Naça Machão de Manaus), o Grêmio e o Inter do Rio Grande do Sul. Todas as capitais e muitas cidades do interior como Caxias do Sul-RS, Joinville-SC, Londrina-PR, Feira de Santana-BA, Limeira-SP, Campinas-SP, Imperatriz-MA...



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