Estamos de volta ao batente, após trinta dias de férias. Distante, contemplei os cenários que foram sendo mudados a cada rodada da Série A nacional. Vi coisas acreditáveis e coisas inacreditáveis. Dentre as acreditáveis, o Fortaleza do Rogério Ceni ou o Rogério Ceni do Fortaleza. Não sei mais separar os dois porque viraram peça única. Uma fusão de imagens com o mesmo perfil, o mesmo DNA, o mesmo CPF, a mesma carteira de identidade. Não há como, pelo menos nestes próximos tempos, ver um sem enxergar o outro. Estão colados pela história, pelos objetivos e pelos ideais. Faltou pouco para a celebração da primeira Libertadores da América fazer morada no Pici.
Tudo perfeitamente acreditável. Inacreditável foi ver o Ceará a salvo, após pedir para cair, clamar para ser rebaixado e implorar para descer rumo à segundona. Dentre essas coisas inacreditáveis do futebol, o Vozão ainda encontrou quatro times piores do que ele. E que pediram mais para cair, clamaram mais para ser rebaixados e imploraram mais para descer rumo à segundona nacional. Conseguiram. Nesse grupo, o Cruzeiro. Inacreditável. O Cruzeiro manto azul. Inacreditável.
Doze vagas
Não obstante as dificuldades enfrentadas pelo Ceará, a sua permanência concretizou um feito que para muitos era quase impossível, ou seja, a continuidade de dois times cearenses na Série A 2020. No início do certame, teoricamente se tinha como certa a presença de quatro times de São Paulo, quatro do Rio, dois de Minas e dois do Rio Grande do Sul.
Duas vagas
Das vinte vagas restariam então apenas quatro, pois as outras quatro seriam as do rebaixamento. Aconteceu algo interessante: o Fortaleza não ficou nas últimas quatro vagas disponíveis. O Leão honrosamente estabeleceu-se na nona posição. O Ceará é que ficou na última vaga disponível. Dos chamados times grandes, o Cruzeiro foi que sobrou.
Feitos
Vi o Flamengo ganhar tudo, com muito mérito. Vi dois técnicos estrangeiros, Jorge Jesus e Jorge Sampaoli, desbancarem as sumidades nacionais. Dois Jorge. Vi o Vasco, de lanterna a 12º colocado, ganhar o maior número de sócio-torcedores do Brasil (170 mil). Vi como um grupinho é capaz de derrubar técnicos em sequência (foi no Cruzeiro).
Jorge Jesus, O TÉCNICO do ano no futebol brasileiro. O português, com seu êxito, abriu novamente o debate sobre a chamada de um técnico estrangeiro para dirigir a Seleção Brasileira principal. Há um verdadeiro tabu. Não vejo nada demais. Essa reserva de mercado não tem mais cabimento no mundo globalizado.
A Chapecoense NÃO FOI rebaixada nem mesmo no ano do acidente aéreo que vitimou quase toda a sua equipe. Ali houve força transcendental que a fez incrivelmente superar tão dolorosa tragédia. Agora, porém, revelou seu outro lado: a fragilidade natural do ser humano. E assim caiu. Faz parte do jogo da vida.