Experiência única em 54 anos de atividade

Ainda estou grogue como quem, numa luta de boxe, leva um cruzado e fica nas cordas do ringue, tentando não desabar. Saio do agradável ambiente da redação para fazer do meu quarto um seguro ponto de trabalho. Aqui há menos risco de contaminação. Os velhinhos guardam a experiência que os sustenta, mas guardam também a fragilidade de uma imunidade menor. Por isso, é melhor mesmo ficar em casa. Para o jornal, mando por e-mail a matéria. Para o rádio, participo pelo telefone. Para a televisão o Skype resolve.

Nestes meus 54 anos de batente, pela primeira vez passo por experiência assim. Não consigo entender como o homem, que manda naves a outros planetas, que faz milagres na comunicação, que se orgulha dos avanços da ciência, apavora-se com um vírus. Sim, uma partícula sub-microscópica, que derruba com facilidade até a geração-saúde das academias. Aí é que se vê quão frágil é a vida humana. Quero crer que a humanidade precisa fazer uma reflexão sobre tudo o que está acontecendo. O mais poderoso dos homens, antes destemido e valente, hoje treme diante de um espirro. Fim dos tempos? Pode ser.

Paralisação

Se é para evitar a contaminação, que suspensas sejam todas as competições, modalidades diversas, não apenas o futebol. Se mantiverem algumas, o objetivo amplo de combate ao vírus perderá o sentido. Após o período crítico, será feita a devida adaptação das tabelas ao calendário, ainda que necessárias mudanças no regulamento.

Firme, na dele

Ricardinho já foi contestado. Disseram que ele não tinha mais preparo físico para disputar competição de alta performance. Errou quem avaliou assim. Ricardinho pode não ter o fôlego dos jovens, mas compensa com a qualidade de um futebol refinado, capaz de fazer a transição com passes longos e eficientes.

Exigência

Rogério Ceni, ao dizer que não gostou da produção do time, mesmo ganhando (0 x 3) o jogo do Náutico nos Aflitos, confirmou sua vocação de perfeccionista em tudo. Qualquer um outro treinador, aproveitando o embalo de uma goleada assim, jamais se referiria a senões. Para Ceni a golada não encobriu os defeitos.

Leandro Carvalho tem valor. É voluntarioso. Não raro usa a velocidade e a força física como meios para fazer a diferença. Hora herói, hora vilão. Prefiro acreditar que, sob uma orientação forte, ele poderia controlar os impulsos que atrapalham a sua vida de atleta profissional. Futebol ele tem de sobra.

O técnico do Ferroviário, Anderson Batatais, do alto de sua humildade e conhecimento, deixou muito claro o seu ponto de vista: não gostaria de enfrentar nem o Fortaleza nem o Ceará nas semifinais. Ora, e quem gostaria, se outra opção fosse possível. Verdade é que um dos dois estará no caminho coral, claro.