Dura constatação: de professor a aprendiz

Terminou. Cai hoje a última folhinha de 2019. Alguns sonhos realizados. Outros, não. A vida é mesmo assim. Importante é manter a esperança. Novos planos, novos objetivos. Conclusão clara: no futebol fomos professores; hoje somos aprendizes. Ensinamos. Os europeus aprenderam. E nós ficamos para trás. O intercâmbio que fez bem a eles. Agora é empreender a viagem inversa. É buscar lá fora todo um aprendizado que possa transformar a atual desvantagem em que nos encontramos. Já não basta a criatividade nata do brasileiro. Já não basta o malabarismo herdade de Pelé e de Garrincha. Há que se conjugar tal malabarismo com aperfeiçoamento na preparação física e nos avanços táticos. Não digo o rigor metódico que sepulta a improvisação, mas a sintonia fina entre uma coisa e outra. É por aí a composição salvadora que poderá devolver ao futebol brasileiro a melhor qualificação agora perdida. No momento não há espaços para ilusões. O Brasil, melhor dos melhores, está apenas no número de títulos em Copas do Mundo. Mas, se não evoluirmos já, a Itália, detentora de quatro títulos, poderá nos alcançar na próxima Copa. Questão de tempo.

Sumidade

Hoje, o técnico português Jorge Jesus é o nome incensado pela mídia nacional. De repente, virou sábio. Projeção pela popularidade do maior time de massa do Brasil, o Flamengo. Realmente ele teve méritos na bela campanha rubro-negra em 2019, com o Mengo campeão carioca, brasileiro, da Libertadores e vice-campeão do mundo.

O brasileiro

Tudo agora é o técnico português. Essa gente esquece que a maior campanha de Portugal numa Copa do Mundo, em 1966, foi obra do técnico brasileiro, o carioca Otto Glória. Ele montou a Seleção Portuguesa que tinha Eusébio, Coluna, Zé Augusto, Torres e Simões. E encantou o mundo.

Condecoração

A campanha de Portugal, terceiro lugar na Copa da Inglaterra, teve grande repercussão. Para se ter uma ideia, o técnico brasileiro Otto Glória foi condecorado com a Medalha de Prata da Ordem do Infante Dom Henrique, uma das mais importantes comendas do país lusitano. Vejam: Otto dirigiu a Seleção Portuguesa e só ficou atrás da Inglaterra e da Alemanha. Notável feito.

É notório que os técnicos europeus estão em alta. Mas é bom evitar o modismo. Nada de querer aposentar todos os técnicos brasileiros como se eles não mais soubessem de futebol. Ora, coloquem um elenco como o do Liverpool nas mãos de técnicos brasileiros e vejam se também não fariam bonito...

Cuidado com a bajulação. Daqui a pouco vão propor a outorga da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul ao técnico Jorge Jesus. É a mais alta condecoração brasileira atribuída a cidadãos estrangeiros. O brasileiro Otto foi condecorado em Portugal, mas fez morada lá. Treinou Benfica, Porto, Belenenses e Sporting.



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