Diferentes momentos do Clássico-Rei

Leia a coluna deste sábado (17)

Legenda: Fortaleza e Ceará disputam o primeiro classico-rei de 2024 neste sábado
Foto: FABIANE DE PAULA /SVM

Os anais registram que o primeiro clássico-rei do futebol cearense aconteceu no dia 17 de dezembro de 1918. O Ceará venceu por 2 a 0. Hoje tem mais uma edição. Está aí ótima oportunidade para avaliação segura sobre o potencial de cada equipe. O Fortaleza vem apresentando atuações bem abaixo do que pode oferecer. Não sei o motivo. O Ceará é um time ainda em formação. O primeiro do Grupo A e o primeiro do Grupo B passam direto para as semifinais. Em outras palavras: têm a economia de uma etapa porque não jogam pelas quartas de final.

O Ceará tem um saldo de gols tão elevado que nem mesmo a maior de todas as zebras será capaz de impedir a passagem do Vozão direto para a fase semifinal. Além disso, afirmo e reafirmo: em clássico a zebra não aparece. Para seguir o Vozão direto às semifinais, o Fortaleza precisa ganhar. Se empatar, dependerá do resultado do jogo Ferroviário x Maracanã. Mas, nesse caso, somente perderá a vaga se uma zebra monumental resolver entrar em campo no PV, fazendo com que o Ferrão sofra uma goleada superior a seis gols. São peculiaridades do clássico-rei de logo mais. O bom de tudo é a imprevisibilidade. 

 

Curiosidade 

 

Quais jogadores disputaram o primeiro clássico-rei, acontecido em 1918? Jamais imaginariam que estavam dando início à maior de todas as rivalidades do futebol cearenses. Que ali era o início de uma história repleta de tantas emoções, glórias, alegrias, tristezas, conquistas, frustrações, sorrisos e lágrimas.  

 

1956 

 

Faz 68 anos que eu acompanho o clássico-rei. O primeiro que vi foi em 1956, conforme relatei há alguns dias. Eu era uma criança de nove anos de idade. Na época, as crianças não tinham a visão de mundo que as crianças de hoje têm. Não havia televisão. A comunicação era feita exclusivamente pelo rádio.  

 

Torcidas 

 

Os tempos eram outros. No PV, as torcidas chegavam e saiam juntas. Se houvesse alguma discussão, nem era preciso a presença de policiais. A turma do “deixa disso” cuidava de afastar os exaltados. E tudo voltava à normalidade. Nem de longe se poderia pensar no cenário de violência que hoje predomina, inclusive com assassinato de torcedores. 

 

Privilegiado 

Eu me sinto privilegiado porque tive a felicidade de ver em ação, no clássico-rei das décadas de 1950 e 1960, tantos ídolos que a maioria dos jovens de hoje lamentavelmente desconhecem: Ivan Roriz, William, Alexandre, Carneiro, Damasceno, Gildo, Aloísio II, Mesquita, Sapenha, Zé Paulo, Moésio, Mozart, Croinha, Benedito, Haroldo Castelo Branco... 

 

Modernidade 

  

Vivo também o clássico-rei dos tempos modernos, tempos atuais. É o cenário gigante do Castelão. Jogadores e técnicos muito bem pagos. O clássico-rei cresceu em todas as dimensões. Virou espetáculo grandioso, inigualável. Recebe meus aplausos. Mas, no cantinho do coração, sinto falta dos tempos românticos, onde não havia violência e predominavam os valores bons. Nostalgia.