De Vicente Feola a Carlo Ancelotti

Leia a coluna desta quinta-feira, (30)

Legenda: Leia a coluna desta quinta-feira, (30)
Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Comecei a acompanhar a Seleção Brasileira nos preparativos para a Copa do Mundo de 1958, que aconteceria na Suécia. Ouvi tudo no rádio Zenith, do meu pai, senhor Victor. Na despedida, antes do embarque para a Europa, o Brasil fez um amistoso diante da Bulgária. Venceu por 3 a 1, no dia 18 de maio de 1958, no Pacaembu. O técnico era Vicente Feola. Foi o primeiro treinador que vi no comando da Canarinho.

Feola voltou da Copa como campeão do mundo. Sereno, bonachão, sem frescuras. Só não foi bicampeão pela Seleção Brasileira porque adoeceu. Aymoré Moreira o substituiu e ganhou o bicampeonato mundial no Chile na Copa de 1962. De Feola até 2022, nas Copas do Mundo, vi apenas treinadores brasileiros no comando da Canarinho.

Zagallo foi o treinador tricampeão. Parreira, tetra. Felipão, penta. Depois disso, só decepções. Então os dirigentes da CBF passaram a entender que os treinadores brasileiros estagnaram. Estão superados, ultrapassados. Na ótica dos dirigentes, bom mesmo é o italiano Carlos Ancelotti. É o homem para salvar a Seleção Brasileira. Entre Feola e Ancelotti, há algo em comum: Feola é descendente de italiano; Ancelotti é italiano da gema. 

Duas vezes 

Aqui não há xenofobia. A Seleção Brasileira já foi treinada por estrangeiros. A primeira vez em 1925, no Campeonato Sul-Americano, dirigida pelo técnico uruguaio, Ramón Platero. A segunda vez, em 1965, dirigida pelo argentino Filpo Núñez, quando o Palmeiras representou a Seleção Brasileira na inauguração do Mineirão. Filpo era o técnico do Palmeiras. O Brasil ganhou do Uruguai (3 x 1). 

Sem problemas 

Pelo exposto, não vejo nada demais um treinador estrangeiro assumir o comando da Canarinho. Nada contra. O cargo de treinador da Seleção Brasileira não é privativo de brasileiro nato ou naturalizado. Portanto, legalmente as portas estão escancaradas para treinador de qualquer país, desde que tenha competência. 

A questão 

Há 20 anos o Brasil fracassa nas suas participações nas Copas do Mundo. O problema está no treinador ou no elenco? Eis a questão.  A Argentina, para ser campeã do Mundo na Copa de 2022 no Catar, não precisou de treinador estrangeiro. Foi com o argentino Lionel Scaloni. A Argentina estava há 36 anos sem ganhar uma Copa do Mundo. 

Recado 

O primeiro recado de Scaloni, dando conta de que estava pronto para os grandes desafios internacionais, aconteceu no Maracanã, no Rio, em 2021. Ganhou a Copa América, superando o Brasil (0 x 1). Depois conquistou o título de campeão mundial com a Argentina no Catar. Foi eleito também o melhor treinador do mundo, deixando para trás Guardiola e Ancelotti.  

Conclusão 

Discordo dos que entendem ser necessário contratar treinador estrangeiro. Há muitos treinadores bons no Brasil. Não sou contra a vinda de quem quer que seja. Não sou xenófobo. Podem trazer Guardiola, Ancelotti, Mourinho, que são profissionais respeitáveis. Tudo bem. Só não aceito a opinião de que os treinadores brasileiros desaprenderam. Isso é um absurdo.  

 
 
Este conteúdo é útil para você?