Coluna Tom Barros

Síndrome dos 47 e covardia

A torcida cearense tem razão ao ficar assustada, quando os times locais estão com vantagem mínima nos últimos minutos de jogo. Já há algum tempo a síndrome dos 47 minutos finais deixa nervosos jogadores, torcedores e cronistas. Há uma inquietação antecipada pelo que possa acontecer. E acontece. Não sei se pelo assombro ou por incompetência. Ou pelas duas coisas juntas. O Ceará diante do Chapecoense teve o G-4 nas mãos até aos 47 minutos do segundo tempo em Chapecó. O Fortaleza diante do Sampaio teve a classificação nas mãos até ao 47 minutos da fase final no Castelão. Ambos, porque se acovardaram, não souberam segurar a vantagem. Inexplicavelmente.

Semelhança

A filosofia adotada por Luís Carlos Martins e Sérgio Soares foi a mesma: retrancar o time no segundo tempo. E o resultado da política de não perder o jogo adiou o sonho G-4 do Ceará e eliminou do Fortaleza o sonho de subir. Retranca traz o adversário para o campo do retrancado. Este implora para sofrer gol. E sofre. E "mata" o torcedor.

Expressão

Que bela campanha faz o Icasa. A vitória sobre o Palmeiras ampliou muito suas condições de chegar ao G-4. E, mais que isso, intensificou a confiança de que o grupo pode ousar mais. João Ricardo, Chapinha, Tadeu, Elanardo, Juninho Potiguar e companhia em grande momento. Foi histórico o triunfo sobre o poderoso Palmeiras.

Pura ironia

No confronto direto com os três times do Nordeste classificados para as quartas-de-final da Série C, o Fortaleza levou vantagem apenas sobre o: Santa Cruz/PE, justo o que foi líder do G-4. Confira: perdeu do Santa por 2 a 1 em Recife e ganhou por 2 a 0 no PV. Teve melhor saldo de gols. /// Ganhou do Treze aqui (3 a 2) e perdeu (2 a 0) na Paraíba. Desvantagem do Leão no saldo de gols. Perdeu do Sampaio em São Luís (2 a 0) e empatou aqui (2 x 2). Desvantagem nos pontos e no saldo de gols. Foi tudo muito equilibrado.

Festejado

Juninho Potiguar, herói da vitória sobre o Palmeiras, já assinalou nove gols, sendo o segundo artilheiro do Icasa. Dos atacantes do futebol cearense somente Magno Alves (16 gols), Lulinha (11 gols) e Tadeu (11 gols) marcaram mais que Juninho. Louvável sua esperteza na hora em que os zagueiros do Palmeiras deram bobeira. Merece ser festejado.

Mérito

Quiseram diminuir a importância da vitória do Icasa sobre o Palmeiras, sob a alegação de que o time paulista viera desfalcado. Ora amigos, o Palmeiras não é só Mendieta ou Valdívia, que atualmente está servindo à Seleção do Chile. O Palmeiras é um todo forte, de gordas cotas pagas pela CBF e com elenco Série A. Foi nesse Palmeiras que o Icasa bateu.

"Ao sofrer um gol no último minuto, a gente sai de campo muito triste. Fica o sentimento de que fomos castigados. Mas vamos adiante. Ainda temos condições de chegar ao G-4".

Marcos Martins
Lateral-direito do Ceará

Recordando. Década de 1960. O meia Zé Gerardo, o zagueiro Mauro Calixto, os jogadores escutam o então técnico alvinegro, Américo Brunner. (Colaboração de Elcias Ferreira).