Apoteótica ascensão

Recordando

Legenda: 27 de julho de 2005. O Fortaleza estava na Série A, elite do Brasileirão, que deve agora ser o novo alvo tricolor. Na foto, a partir da esquerda, Mazinho Lima e Fumagalli comemoram o primeiro gol do Fortaleza na vitória (2 x 0) sobre o Juventude-RS no Castelão. Mazinho já encerrou a carreira. Fumagalli (39 anos) joga no Guarani de Campinas

Enfim, o Fortaleza subiu. Não uma subida comum, mas do tipo que entra para os anais da história pela bravura numa batalha inesquecível. O Leão não eliminou apenas o Tupi. Eliminou também os monstros que o atormentavam. Eliminou os fantasmas que o perseguiam. Superou a barreira invisível e quase intransponível dos traumas e complexos de oito anos. Quando o Tupi marcou 1 a 0, as sombras da incerteza voltaram. E trouxeram medo e pânico. Mas o Fortaleza desta vez suportou. Minutos finais, o herói Boeck, com duas espetaculares defesas, deixou claro: a bola ali não entraria mais. Fim de jogo, explosão dos corações. Ficaram sepultadas no gramado de Juiz de Fora todas as humilhações. Apoteótica ascensão.

Bravos

Conquista de todos. Mas em Minas herói foi Boeck. Herói em campo e fora de campo pelo discurso. Não esqueceu Bonamigo. A valorização de titulares, reservas, funcionários, diretoria e torcedores. De Boeck a Hiago, de Leandro Lima a Ronny, de Ligger a Everton. A importância do técnico Zago. Bravos...

O jogo

Fortaleza, pelo regulamento; Tupi pelo desespero. Táticas definidas: Tupi abafando, Fortaleza nos contra-ataques. Reta final, esquemas para o espaço. Valeram alma, coração, raça, loucura em campo. Leão passou maus momentos. Tomou 1 a 0, mas segurou a vaga. Alguns atletas em lágrimas triunfais

Vitória

O Ceará voltou a vencer. E mereceu a vitória. Antes de alcança-la, porém, vaias para o alvinegro no intervalo. O Vozão não jogara mal. Teve apenas as naturais dificuldades de romper o sistema fechado do Brasil-RS. O visitante, adotando contra-ataques, abrira o placar com o veloz Misael. Aí, tome vaias!

Virada do Vozão

Na fase final, a reação alvinegra. Chamusca ouviu o pedido da torcida. Ótimo. Ricardinho entrou. Melhorou o Ceará que foi para cima e empatou com Rafael Carvalho. O próprio Ricardinho fez o gol da virada. Se o Ceará ganhar do Santa amanhã e houver tropeço do Paraná ou do Vila, o Vozão voltará ao G-4.

A missão

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Quando Luís Eduardo Girão assumiu a presidência do Fortaleza, conversei com ele pelo telefone. Girão disse que estava ali porque recebera uma missão. Girão é espírita, pregador da paz e dos valores cristãos. Ouvi muita gente afirmar que homem bom assim não é era para o futebol. Para o futebol só as velhas raposas... Taí a resposta: missão cumprida. E falando de amor, de paz e de união no futebol.

Observações. O Ceará poderia ter se livrado das vaias da torcida se Pedro Ken tivesse tido um pouquinho de sorte. Sua bola, com estilo, bateu na trave. Teria sido um golaço. /// O Vozão continua perdendo rebotes na entrada da área ou dentro dela. Foi assim que aconteceu o gol de Misael. É preciso corrigir essa parte. /// Maikon Leite entrou aos 27 minuto da fase final. Pouco tempo para uma avaliação maior sobre seu atual momento. /// Marcelo Chamusca mostra-se mais flexível. Isso é muito bom.