O lateral-direito Samuel Xavier foi o entrevistado de ontem no programa "A Grande Jogada" (TV Diário). Ele está sendo alvo de homenagens por ser o atleta dessa posição que, na década, mais assinalou gols pelo Vozão (nove gols). Além disso, segundo o site oficial do Ceará, são cinco anos no clube, 176 jogos, 11º lateral que mais vestiu a camisa alvinegra (3º no século). Bastaria isso para a popularidade que alcançou. Mas tem mais: a sua identificação pessoal com o Ceará. Ele fez questão de frisar que, quando foi para o Sport-PE e depois para o Atlético Mineiro, sempre lembrou dos bons tempos em Porangabuçu. No íntimo, alimentava o desejo de um dia regressar. Regressou. Ele explicou a razão desse apego. "No Ceará, as pessoas gostam muito de mim. E eu também gosto muito das pessoas que fazem o Ceará. É bom trabalhar num lugar assim". Verdade. O ambiente é tudo. Por isso há jogadores que formam com o clube uma afinidade só, numa verdadeira fusão de imagens. É o que está acontecendo com Samuel Xavier. Na rotatividade de hoje, esse é um caso raro de sentimento interior entre o atleta e o clube.
Muita honra
A posição na qual hoje Samuel Xavier brilha já foi ocupada por jogadores famosos. Cito William Pontes, João Carlos, Everaldo e Alexandre Barroso (não confundir com Alexandre Nepomuceno, o Grande Capitão). Esse Alexandre foi campeão brasileiro Série A pelo Guarani de Campinas em 1978.
Também identificado
O atacante Edinho é outro jogador que também forma uma só identidade com a imagem do Fortaleza. Entra como uma luva no time de Rogério Ceni. Já foi embora, já voltou. Foi embora de novo, mas seu retorno pode acontecer. Há atletas que deixam o clube, mas não saem do clube. A imagem fica. É o caso de Edinho.
Técnico
A propósito, pode haver imagem mais ligada ao Fortaleza que a imagem de Rogério Ceni? A imagem de Ceni como técnico do São Paulo não colou. A imagem de Ceni como técnico do Cruzeiro também não colou. Não bate. Claro que bate a imagem dele como goleiro do São Paulo. Aí tudo bem.
Hoje há atletas que atuaram em mais de 20 clubes. É o caso de Moré, por exemplo: Ceará, Ferroviário, Icasa, Bahia, Vitória, Brasiliense, Remo, ABC, Viettel do Vietnã, Vila Nova, Anápolis, Central, Recreativo da Caála, de Angola, Guarani de Juazeiro, Uniclinic, Guarany de Sobral, Horizonte, Floresta, Pacajus, Barbalha e Caucaia.
Hoje é exceção ter jogadores como o lateral-direito Samuel Xavier e o atacante Edinho. A elevada rotatividade não permite que os atletas demorem mais tempo numa agremiação. Tornam-se peregrinos do futebol. Romeiros que vão para "Mecas" diferentes. Longe o tempo em que o jogador pertencia ao clube e nele passava 15 anos.