A luta para tornar gigante uma torcida

Ontem, lembrei do jornalista Sílvio Carlos Vieira Lima, eterno papa do amadorismo. No Fortaleza Esporte Clube, ele teve ações distintas. Foi presidente campeão. Foi o homem do marketing. Mas, muito mais que os cargos ocupados no Leão, valeu seu ideal de levar às escolas públicas e privadas, repartições municipais, estaduais e federais, comércio e indústria, as motivações tricolores. Eram camisas, flâmulas, bolas e cadernos do Leão distribuídos para a garotada. Era o incutir nas crianças a graça tricolor. Despertar nelas o interesse por “aquelas camisas”. E foi nessa visão que o Sílvio Carlos teve influência decisiva no crescimento da torcida do Fortaleza. Hoje, certamente, poucos lembrem dessa peregrinação que ele fez. Na época, não havia as redes sociais. Tinha que ser no contato direto, presencial, máxime depois dos grandes feitos, pois no embalo do entusiasmo coletivo. Assim, Silvio Carlos preparou o terreno. Ele o arou. E ali colocou as sementes de amor ao clube. A colheita farta aí está. Claro que não é mérito dele sozinho. Mas sua visão de futuro foi fundamental na formação de gerações e gerações de tricolores.

Confidências
Na época, Sílvio Carlos confidenciou a amigos que o Ceará tinha os dois mais carinhosos símbolos para fazer crescer uma torcida: o vovô e o netinho. A figura do neto é doce. Os avós são mais paridos pelos netos do que os pais. Na ocasião os dirigentes do Ceará não perceberam que tinham esse trunfo nas mãos.

Figura
A concentração das promoções alvinegras focalizava mais o Vovô. A figura do netinho não era explorada como elemento essencial para formar as futuras gerações de alvinegros. Por isso, Silvio enxergou no “Clube da Garotada” o instrumento ideal para atrair as crianças logo nos primeiros tempos.
Mídias
Hoje, é diferente. As redes sociais estão aí, num autêntico bombardeio de chamamento conjunto. Os clubes se profissionalizaram também nessa parte. As divulgações acontecem de forma estudada, articulada, mediante a ação de especialistas que elaboram campanhas estrategicamente perfeitas.

Na década de 1970, Walter Filgueiras fundou a “Morena”, primeira torcida organizada do Ceará. Na época, Zé Alberto também contribuiu na divulgação alvinegra. Na década de 1960, uma senhora, Tia Roma, teve boa influência, incentivando as mulheres a torcerem pelo Ceará.

Pessoas que tiveram influência na divulgação dos clubes. Dona Chaguinha pelo Ceará e Dona Filó pelo Ferroviário na década de 1950. Zé Limeira pelo Ferroviário (década de 1970). Antonio Gumercindo e Jackson de Carvalho pelo Fortaleza (décadas de 1960 e 1970).