O futebol cearense passou muitos anos rastejando nas categorias inferiores das competições nacionais. O Fortaleza experimentou oito anos de agonia na Série C, padecendo todo tipo de humilhação. Chegou a jogar em campinhos que mais pareciam de disputas suburbanas. O Ceará passou seis anos na Série B e, muitas vezes, acomodado porque alguns dirigentes equivocados entendiam que o nosso futebol não era mesmo para primeira divisão. E assim, como que anestesiados, todos admitiam que o nosso lugar não era na elite. Ainda hoje escuto comentários assim. Mas depois que o Estado colocou dois times cearenses na primeira divisão do País, não há como aceitar a viagem de volta. É dolorosa, cruel. Hoje, vendo alguns jogos da Série B, observo exatamente a diferença de qualidade. Justos, pois, são os temores dos que alertam contra o rebaixamento. Daí a luta para não cair. Daí a postura do Sport, América-MG, Coritiba, Ponte Preta, Guarani e Vitória, dentre outros, para voltar à Série A nacional. Plagiando Nando Cordel, diria que a Série A "é como água de cacimba, limpa, doce, saborosa, todo mundo quer beber".
Respeito
É claro que não se pode reduzir a Série B a algo sem qualificação ou lixo. Não. Mas basta ver o desfile dos grandes clubes brasileiros para se estabelecer a aguda diferença entre uma coisa e outra.
Na Série A
Toda semana, com raras exceções, a visita das maiores expressões nacionais. Flamengo, Vasco da Gama, Botafogo, Fluminense, Palmeiras, Santos, São Paulo, Corinthians, Grêmio, Internacional, Atlético-MG e Cruzeiro. A despeito das fracas campanhas de Vasco, Fluminense e Cruzeiro, esses não deixam de ser atração pela história, pela tradição.
Outro desfile
Com todo respeito aos times que estão na Série B, até porque lá os times cearenses estavam há bem pouco tempo, não há como comparar a motivação entre a visita dos gigantes da Série A com os times da segunda divisão. Há na Série B times de respeito, sim, como por exemplo Atlético-GO, Sport, Vitória, Paraná, Coritiba, Ponte Preta, Guarani de Campinas, Londrina e Vila Nova-GO, dentre outros, mas a diferença é muito grande.
Só agora o técnico Tite resolveu protestar contra o calendário do futebol brasileiro e a programação da Fifa. Analisou o prejuízo dos clubes que cedem jogadores, máxime os que estão nas primeiras colocações. A voz dele se perderá como quem fala no deserto. Só mesmo um protesto coletivo poderá surtir algum efeito.
Peça rara é centroavante no futebol brasileiro. Faz tempo o atacante Arthur Cabral deixou o Ceará, indo para o Palmeiras. Arthur já está assinalando gols no futebol da Suíça, enquanto aqui o Vozão ainda luta para fixar alguém com competência para fazer esquecer Arthur. Lamentavelmente, até agora nada feito.