Muita gente diz que entendemos a maternidade quando temos um filho. Meu entendimento foi indiretamente por esse motivo quando da vinda da minha mãe por causa do nascimento da Manuela.
A mãe da gente enxerga a gente como filha. Ama o neto mas nos vê primeiro. Pra ela nunca deixamos de ser prioridade. Porque nos tornamos mãe agora e ela nunca deixou de ser.
Todos ao redor amam sua filha, mas esquecem da mãe. Com útero vazio, o braço cheio, vida confusa, questionamentos, baby blues, eu passava no corredor da minha casa me sentindo um pouco abandonada à própria sorte de uma nova realidade e minha mãe do quarto, me via passar, mesmo de longe, sem ver o que eu fazia antes e perguntava: tá cansada, né, minha filha? A mãe da gente nos enxerga. Nos tira do abandono.
Passa por cima da idade, da dor nas pernas, das limitações e diz: quer que eu segure ela? Descanse. Estou aqui pra isso.
O dia dela voltar pra casa dela chegou. Esses últimos dias, ela ficou chorosa antes de chegar esse momento. No dia em que eu chorei, ela calou e me consolou. Um choro sentido que ela engoliu, eu sabia que ela tinha engolido. Ela chorou todos os dias em que estive aparentemente forte, mas naquele dia ela não chorou porque eu já chorava. Não era ela que me consolava, mas seu amor que está acima de qualquer sentimento próprio.
E eu chorava forte e intensamente porque eu sabia que ninguém que estivesse perto de mim a partir dali lembraria, cuidaria ou me amaria (amará) tanto quanto ela.
Amor nenhum por mais participativo, presente, seria como o dela. Um acesso ao nosso coração que só a mãe tem o mapa. Posso ser muito amada mas quem assim? Lote o Maracanã de pessoas que te amam, mas QUEM assim?
E é por isso que a saudade que vou sentir dela nunca bateu tão forte. Nem quando fui morar do outro lado do mundo. Talvez uma saudade egoísta, uma saudade de um amor incondicional que me enxerga acima de tudo. Até de si.
E ela vai pra casa.
De longe continuarei sendo amada ASSIM.
E agora ficou o meu papel de, com o coração doído, fazer o mesmo e mostrar o amor materno pra minha filha ASSIM. Queira Deus, eu tenho aprendido ou tenho nascido em mim no dia que me tornei mãe.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.