Perdão o tom “revista da Capricho” que tem essa coluna hoje. Mas vim falar sobre essa insegurança que abala principalmente mulheres no quesito “paquera”. Tudo pra quem é inseguro é relativo.
Lembro claramente quando saí com um rapaz uma vez. Eu estava extremamente insegura porque achava que gostava muito dele. Venho do futuro desse dia dizer que eu nem gostava tanto. Pesquisei o signo, procurei saber do que gostava – não consegui – então me apoiei no signo – se era diferentão, se gostava de coisas mais cult. E eu gostava de Big Brother, programa não liberado naquela época pra quem gostava de livro. Não era cult gostar de BBB. Cult era gostar de filmes de Almodóvar e livros que faziam tantas voltas que eu não entendia nada.
Tentei ser mais blase quando comemoro tudo. Tentei ser mais aquário quando eu sou leão. Tentei ser apenas cult quando eu não era só isso: eu era leitora de Fernando Veríssimo sim e assistia Crossroads, o filme de Britney Spears. Eu gostava também de Tim Burton e livros sobre a mente humana. Não era o suficiente. Porque pra quem é inseguro tudo é relativo.
Porque ser quem eu era poderia aparentar estar muito apaixonada. Porque eu era plural quando eu queria aparentar singular. Por insegurança, medo de parecer demais, medo de pesar demais, medo de assustar.
Pra algumas pessoas dizer te amo e amar tudo na vida é fácil, pra outras, visualizar um story já vai significar tanta coisa como quase um eu te amo. Mando ou não mando mensagem? Se eu mandar posso parecer muito afim? Cansativíssimo. E relativo. Pra quem vai receber pode soar como uma grande alegria ou como um susto.
Calcular a rota o tempo todo é muito difícil. E em vão. Também não me vai sufocar ninguém – a gente sabe quando não tá rolando, quando não tem a ver - mas deixar de mandar um oi porque vai aparentar apaixonado demais? Então me deixe ser o último romântico.
O jeito é o risco. Melhor que sempre tentar entrar na expectativa do outro.
É dificílimo nos sentirmos vulneráveis. Expor opiniões, expor o que gostamos. Arriscar não dar match com a opinião de quem gostamos é difícil, é risco. Mas assumir ser quem se é, é passo número um pra gente não começar algo que não tem nada a ver com a gente e sim puramente com nossos sentimentos. Sai mais barato.
Aqui estou com uma aba aberta sobre a Eslovenia do BBB e a outra tocando Yann Tiersen, porque eu amo realities e música instrumental, pra dizer que, depois de muitos foras e alguns dentros – esses menos que os foras mas bem mais relevantes – que quanto mais vc é você, mais atraente e fácil fica. Pura e simplesmente.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.