Espelho não tem filtro

Legenda: Cuidado com o gatilho
Foto: shutterstock

Faço mil stories por dia, muitos mesmo. E geralmente apareço sem filtro. Não foi uma decisão tomada muito pensada ou algo radical que eu tenha batido o martelo que nunca mais usarei filtros. Sou total a favor, nada contra. Eu vou usar sim, não sei quando nem como, mas com minha própria supervisão.

Lembrei de uma: sempre curti meu nariz, nunca me incomodou. Gosto e é isso. E aí fui usar um filtro teoricamente natural dia desses. Eu nem tinha percebido que tinha afinado meu nariz. Quando eu tirei, achei meu nariz extremamente grande, não sei explicar, estranho, desproporcional.

Eu não estava mais perfeita como o filtro me fez, “meu deus, achava ele bonito porque não tinha visto esse ainda. Lindo” e aí, na mesma hora tirei o filtro e pensei: eita, se eu uso isso aqui direto a médio prazo, nunca mais verei meu nariz da mesma maneira. Não será mais suficiente pra mim e sim um Karma no meio da minha cara.

Quando usamos tanto algo que passamos a nos ver de outra maneira, nosso referencial muda, entende?

O referencial do nariz, o referencial da boca. O que era bonito ou não incomodava pra mim, passa a ser um incômodo porque meu ponto de partida de algo bonito não é mais o de sempre, do que olho no espelho, mas de uma perfeição inexistente.

O espelho não tem filtro, não creio que terá tão cedo, mesmo que tivesse, a vida real não tem. Que loucura se ver tão perfeito no celular e tão imperfeito no espelho
.

Minhas olheiras se tornam profundas demais, pele manchada demais, boca fina demais.

Tenho cuidado, desde que ofendi meu nariz de que gosto e simpatizo, de supervisionar meus referenciais. Você tem se perguntado quais são os seus? Profundos demais, exigentes demais, perfeitos demais?

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.