Quem vai reabrir o diálogo?

A comitiva de senadores da República que veio tentar mediar um acordo entre o Governo do Estado e policiais militares tinha um desafio central: afastar-se um pouco das querelas políticas para propor algo real. O caminho do diálogo é fundamental desde que seja franco e que haja condição de interlocução, coisa que até o momento não havia acontecido. O caráter suprapartidário da comissão de senadores ajuda nessa tarefa, diferente do grupo de deputados que tentou ser recebido por Camilo, sem sucesso.

Mínimo de isenção

Não se duvida que os dois deputados trazidos por Capitão Wagner (Pros), Capitão Alberto (PRB/AM) e Major Fabiana (PSL/RJ) tenham vindo com o interesse de mediar um acordo. Entretanto, as declarações dadas por ambos – carregadas de conotação política – revelam que havia muito mais um interesse de posar para tropa e reforçar uma posição já conhecida do que buscar um diálogo, que requer desarmar exaltações. O registro do B.O. contra Cid Gomes só confirma essa tese.

Reafirmação

Capitão Wagner é um dos líderes da categoria, mas enfrenta um momento difícil, em que precisa se reafirmar. Ele foi para a mesa de negociação, selou um acordo com o Estado sob o olhar do Ministério Público, anunciou o fato como sendo positivo para os policiais – mesmo não sendo o ideal –, mas foi atropelado pela negativa da categoria. Desta vez, Wagner não precisou ficar à frente do movimento. Ele indicou um aliado de primeira hora: Cabo Sabino, que até outro dia tomava cafezinho no Palácio Abolição.

Monotemático

Em janeiro, dissemos nesta coluna que, como pré-candidato a prefeito da Capital, Wagner precisa se livrar da condição de candidato monotemático. Isso será essencial para a pretensão dele. Será necessário mostrar, inclusive, capacidade de diálogo e de convencimento. A condução da negociação de agora com a sua própria categoria não parece positiva para ele.</CW><CW10>

Muita reza

Na sessão de ontem, além dos discursos sobre o episódio de Sobral, deputados estaduais se perguntavam quem teria a capacidade de acalmar os ânimos e costurar um acordo entre as partes. Entre eles, lembraram o nome do arcebispo de Fortaleza, dom José Antonio Tosi. Lembrando que a Igreja atuou na crise de 2012.