'Live' de Bolsonaro com empresários gera saia justa no Ceará

O presidente Jair Bolsonaro tem, sistematicamente, quebrado os protocolos institucionais da Presidência da República. Com estilo próprio – e polêmico – ele vai mandando às favas as formalidades e conduz as ações como bem entende. Por vezes, a quebra da liturgia transparece falta de planejamento.

Nesta quarta-feira (3), ele e um grupo de importantes ministros, incluindo Paulo Guedes, da Economia, tiveram uma videoconferência com um grupo de empresários cearenses reunidos de maneira heterodoxa, vamos dizer assim.

Não houve um critério institucional na articulação, tanto que entidades como a Fiec e a Fecomércio só tomaram conhecimento da ‘live’ por terceiros. O critério mais aparente parece ter sido o da ‘afinidade’ com o presidente. O evento causou saia justa entre líderes de entidades representativas do setor empresarial.

Parte produtiva

A reunião girou em torno de projetos do Governo Federal para a economia e obras no Ceará, contou uma fonte desta coluna presente à videoconferência. No encontro, o ministro Paulo Guedes disse que o Governo irá prorrogar a MP 936, que permite redução de salários e suspensão dos contratos de trabalho. Sinalizou ainda que deve manter por mais dois meses o auxílio emergencial, repassando aos beneficiados R$ 300 em cada mês. E apontou para a prioridade de obras como a Transposição do São Francisco e o Anel Viário de Fortaleza. Fora momentos de certa bajulação, empresários reclamaram da dificuldade de crédito para o setor. O assunto está avançando, disse Guedes.

Apoio governista

Aliás, o ministro Paulo Guedes teve outro compromisso com um cearense nesta quarta. Ele recebeu o deputado federal Mauro Filho sobre o projeto que prevê o uso de fundos públicos, cerca de R$ 177 bilhões, para aplicação no período da pandemia. O ministro já tinha sinalizado positivamente e confirmou o apoio formal do Governo ao parlamentar cearense. A prioridade de votação será definida no colégio de líderes da Câmara. A ideia é destravar isso até a próxima semana. Um detalhe curioso no caso é um bom diálogo entre oposição, no caso o deputado cearense, e o Governo.

Instabilidade

A versão digital desta coluna antecipou, nesta quarta, a confirmação da saída do presidente do Banco do Nordeste, um dia após a posse. A indicação de Alexandre Cabral, atribuída a partidos do ‘Centrão’, gerou um debate interno entre o Ministério da Economia e a Secretaria de Governo. A área econômica não queria a mudança, mas a articulação política falou mais alto, em nome da tal ‘governabilidade’. Ao chegar ao Banco tendo que explicar que não era indicação partidária, Alexandre acabou assinando o recibo da instabilidade. Caiu na primeira reportagem denunciando supostas irregularidades na gestão dele na Casa da Moeda.

Sucessão na Capital

Líderes do grupo governista trataram, nesta quarta, de forma reservada e isolada, sobre a sucessão municipal em Fortaleza. O tema é a desincompatibilização dos secretários que tiverem planos de concorrer a prefeito ou a vice. Eles terão que ser exonerados na edição de hoje do Diário Oficial. As conjecturas sobre os cenários já estão feitas. Há a expectativa de que Elcio Batista e Samuel Dias deixem os cargos.