Início de campanha eleitoral em Fortaleza indica dificuldades de respeito às regras sanitárias

Na noite de sábado (26), em discurso transmitido em cadeia de rádio e TV, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso, destacou basicamente duas recomendações: a atenção com a divulgação e compartilhamento de informações falsas e as providências para evitar as aglomerações, que podem colocar vidas em risco, em meio à pandemia do coronavírus. E ontem, o primeiro dia de campanha, com os candidatos nas ruas, mostrou como será difícil cumprir normas sanitárias em meio à campanha eleitoral. Em Fortaleza, todos os candidatos que foram ao encontro dos eleitores em locais públicos cometeram algum tipo de deslize nas regras. Houve aglomerações, apertos de mão para todo lado e até abraços. É preciso reconhecer que era difícil se esperar algo diferente disso e que vai continuar até o dia da eleição. Entretanto, se há riscos e prejuízos para a população, também há para as candidaturas. Os cuidados precisam estar no centro das estratégias. Afinal, com uma campanha curta e atípica como essa, a contaminação pode deixar o candidato, pelo menos, 14 dias afastado e isso poderá ser decisivo na reta final.

Dilemas I

No primeiro ato, algumas candidaturas se depararam com dilemas que vão ter que enfrentar em praticamente toda a campanha. Luizianne Lins (PT), por exemplo, teve que comentar a expectativa de o governador Camilo Santana estar ou não apoiado a sua candidatura. Ela disse esperar que sim e assegurou que o PT vai utilizar a imagem do governador nos materiais de campanha. Camilo se divide entre a candidatura dela e a do governista Sarto Nogueira, para a qual indicou até o vice. Renato Roseno (Psol), por sua vez, teve que comentar sobre a robustez de sua candidatura. Segundo ele, "pode não ser grande em recursos, mas é grande em propostas".

Dilemas II

Sarto (PDT) foi confrontado com o fato de na última semana ter havido embate com tom eleitoral na tribuna da Assembleia Legislativa, de onde é o presidente. Todo ano eleitoral, é uma luta fazer com que os parlamentares não transformem a tribuna da Casa em palanque, quase sempre sem sucesso. Neste ano, Sarto terá que administrar esse conflito sendo candidato. Ele minimizou as polêmicas, disse que esses discursos são "naturais" e que não gastará tempo com "atitudes pequenas". Outro que será provocado a se pronunciar muitas vezes na campanha sobre a parceria com o pragmático MDB é Heitor Férrer. Para ele, o partido só agrega "positividade".

Sem confrontos

Capitão Wagner (Pros) alfinetou a candidatura governista ao destacar que não irá ter que explicar à população "acordos" que trarão mais tempo de TV. Wagner, por sinal, está investindo forte em fugir da imagem monotemática da segurança pública. Toda a campanha está diferente da que fez em 2016. Até o tom que adota, menos de confronto, até o momento. Outra candidatura mais conservadora, a de Heitor Freire (PSL), abriu a caminhada com um discurso de "não agressão" entre os concorrentes. Esse apelo chamou atenção, por ser um tom bem diferente do que seu partido usou em 2018 e que seus correligionários continuam usando até hoje de confrontar opositores.



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