Dia de notícias preocupantes

Em uma crise de Saúde sem precedentes, o Brasil e o Ceará vivem dias difíceis e, quando se acha que não há como piorar, a realidade confronta a suposição e se mostra ainda mais dura. Duas notícias elevaram o nível das preocupações. A primeira foi a lotação das UTIs do sistema público de Saúde destinadas ao combate da Covid-19 no Ceará. Segundo o Estado, há 48 pessoas na fila de espera por vaga no sistema público. A segunda, de abrangência nacional, foi a demissão do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, cujo substituto já foi anunciado. A notícia trouxe mais interrogações do que afirmações. Qual será a política adotada pelo novo ministro em relação à condução das ações na pandemia? Como será tratada a questão do isolamento social? Como será a relação com estados e municípios? E como será a montagem da equipe do novo ministro, Nelson Teich?

Balanço da era mandetta

Mandetta se destacou no comando do Ministério da Saúde em meio à pandemia do coronavírus. Conduziu o ministério com critérios considerados técnicos. Resistiu enquanto pode às pressões e aos conflitos com o presidente Bolsonaro. Por mais paradoxal que possa ser, a contraposição ao presidente lhe deu mais popularidade. O ex-ministro deixa um trabalho sólido. A entrevista ao programa "Fantástico", da TV Globo no último domingo, considerada por muitos como a gota d'água para a demissão, foi concedida, não há dúvidas, porque o ministro tinha, ali, certeza da demissão que viria nos dias seguintes. Quis aprofundar sua contraposição ao presidente. A despeito da firmeza da posição técnica, Mandetta acabou também se deixando consumir um pouco pela fogueira das vaidades que afeta os políticos.

Uso correto

O envio de recursos do Governo Federal para prefeituras cearenses, montante de R$ 126 milhões, constitui-se em uma solução e um problema. Os municípios precisam adquirir equipamentos, principalmente os chamados EPIs, que estão difíceis no mercado. O uso correto dos recursos, neste momento delicado, é fundamental para a população cearense. É preciso haver cooperação técnica e diálogo entre Estado e municípios para o fortalecimento das estruturas hospitalares do Estado. A liberação dos recursos federais, importante, não levou em consideração as necessidades imediatas de cada Estado. O colapso dos leitos de UTIs da rede pública sinalizam um caminho tortuoso que o Ceará vai percorrer.

Novo presidente do TSE, o ministro Luís Roberto Barroso externou uma posição que parece ser maioria em Brasília sobre as eleições, por enquanto. O ministro admitiu a possibilidade de ter um adiamento no pleito de outubro, mas defendeu que caso seja necessário, o ideal é que seja pelo mais breve tempo possível, em nome da democracia.

Há uma tese de que o adiamento do pleito poderia ensejar uma discussão constitucional de unificar as eleições no Brasil. A julgar pela declaração de ontem, a primeira como presidente da maior corte eleitoral do País, o ministro Barroso está defendendo a tese apenas de adiamento da data da eleição e não de prorrogação dos atuais mandatos e de mudança constitucional.